O Sindicato dos Jornalistas (SJ) de Portugal felicitou os jornalistas Maria Ressa e Dmitri Muratov pelo prémio Nobel da Paz, que considera um justo reconhecimento da coragem que ambos demonstraram na luta pela Liberdade de Imprensa, ao exercer a profissão num contexto adverso, de pressões e ameaças à própria vida, mas também o reconhecimento da importância do Jornalismo na nossa sociedade.
Os dois jornalistas foram distinguidos “pela corajosa luta pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia. Ao mesmo tempo, são representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal num mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas”, justificou a presidente Comité Nobel Norueguês, Berit Reiss-Andersen, quando anunciou o nome dos dois jornalistas distinguidos com o Nobel da Paz 2021.
O SJ saúda o Comité do Nobel pela coragem e perspicácia de premiar dois jornalistas que arriscam a vida a bem de uma informação livre e isenta, e considera que a coragem de Maria e Dmitrov – que viu tombar assassinados vários camaradas da “Novaya Gazeta” – é um exemplo para todos que fazem desta profissão um modo de estar na vida, mais que apenas um modo de vida ou um meio de subsistência.
Considerando que esta distinção é um momento histórico para o Jornalismo, o SJ presta homenagem a todos os camaradas que ao longo dos anos desempenham esta profissão, que nunca foi fácil, e recorda também aqueles que, em Portugal e no Mundo, tombaram na defesa da Liberdade de Imprensa, do direito à expressão livre e na luta pela Democracia.
Numa altura em que circula no Mundo muita informação, em particular na Internet, produzida por fontes duvidosas e com respaldo de interesses esconsos, o SJ sublinha a importância que representa o Jornalismo livre, independente e sólido para a construção de uma sociedade mais justa e mais livre.
O SJ alerta para o perigo que representam, entre vários tipos de pressões, a proliferação de informações falsas, a pirataria de matérias jornalísticas, drenando os media de recursos financeiros vitais, e o agravamento do subfinanciamento da Comunicação Social em Portugal. A crise pandémica acresceu a uma crise financeira estrutural no sector, a que o poder político parece indiferente, ignorando que sem uma Imprensa forte dificilmente se faz jornalismo rigoroso e independente.
O SJ tem-se batido pelo financiamento da comunicação social em Portugal, tendo organizado uma conferência subordinada ao tema, em Dezembro de 2019. Daí saíram várias propostas que, repetidamente, foram colocadas ao ministério da tutela, o da Cultura, aos partidos e ao Governo, sem que, nestes anos, tenhamos recebido mais do que palavras simpáticas, de respeito pela importância do jornalismo, sem qualquer ato concreto de valor que ajude a fortalecer a profissão, como ela precisa para poder enfrentar os desafios crescentes de um mundo em constante mudança.
Não basta reconhecer a importância do jornalismo. O momento actual exige acção, mais do que palavras bonitas. Em Setembro, o SJ enviou aos partidos e ao Governo uma série de propostas que considera fundamentais para a salvaguarda do jornalismo em Portugal. Se houver vontade, podem ser incluídas no Orçamento de Estado para 2022, contribuindo para melhor a sustentabilidade do sector e assim ajudar a promover um jornalismo melhor, uma sociedade mais informada, mais atenta, daí mais justa e igualitária.
Não basta reconhecer a importância do jornalismo. O momento actual exige acção. Mais do que palavras vãs de conforto, é tempo de seguir o exemplo do Comité Nobel Norueguês.
Até ao presente momento o Sindicato dos Jornalistas de Angola não emitiu nenhum comentário a este propósito. Viva a liberdade do… silêncio.