A comissária da União Africana, Josefa Sacko, defendeu esta sexta-feira, em Adis Abeba, que a mudança de paradigma “de volta ao básico” é promover e redireccionar os modelos de investimento agrícola para integrar os alimentos tradicionais e indígenas africanos, que prevaleceram nas dietas de gerações anteriores. Para os 20 milhões de pobres angolanos bastaria fuba, feijão e peixe, não era senhora comissária?
A diplomata junto da União Africana falava por vídeo conferência na comemoração da 12º edição do “Dia de África para a segurança alimentar e nutricional” considerou – escreve o Jornal de Angola – que, as áreas rurais, em grande parte, ainda subsistem com essas plantações e raças de animais cultivadas em casa e inteligentes para o clima.
Josefa Sacko destacou ainda que a pesquisa descreveu uma quantidade significativa de benefícios que “nossos alimentos tradicionais e indígenas oferecem, isso inclui benefícios agronómicos, de saúde e económicos”.
Para a comissária, a questão da persistência da fome e da desnutrição no continente, levou a um repensar dos sistemas alimentares, especialmente com os desafios emergentes relacionados a causas naturais e desastres provocados pelo homem incluindo a estabilidade.
Durante a sua intervenção, ressaltou igualmente que uma série de pesquisas apontam para o consumo crescente de alimentos que são caracterizados pela deficiência na densidade de micronutrientes, biodiversidade e padrões de segurança.
Esta edição do “Dia da África pela segurança alimentar e nutricional” foi marcada pelo tema “Redescobrindo as nossas dietas locais africanas para sistemas alimentares e nutrição sustentáveis”, contou com a colaboração do AUDA-NEPAD e com o apoio dos parceiros tradicionais da Agências da ONU, nomeadamente, FAO, PMA, UNICEF, OMS e do ECA.
Participaram ainda, outros parceiros globais, como o Fórum para Pesquisa Agrícola na África (FARA), HarvestPlus, Centro Internacional da Batata, Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA), “Nutrition International”, Agricultura para Nutrição e Saúde, e pelo Instituto Internacional de Pesquisa de Políticas Alimentares.
Angola tem terras aráveis e bom clima para desenvolver o sector agrícola, declarou, em Janeiro de 2019, em Adis Abeba, a comissária da União Africana (UA) para a economia e agricultura em rural, a angolana Josefa Sacko. Finalmente (ao que parecia, mas que não se confirmou) e ao fim de várias décadas, alguém do MPLA descobria que temos terras aráveis e bom clima.
A alta funcionária angolana ao serviço desta organização do continente africano falava à imprensa nacional na capital etíope, a propósito dos planos e programas de acção para o ano 2019, do órgão que dirige a nível da UA.
“Temos que ter uma política clara na área da produção, investigação para podermos alavancar a produtividade agrícola”, disse Josefa Sacko que reconheceu o pouco rendimento produtivo de Angola no sector da agricultura, embora sendo um país com terras aráveis.
Ou seja, sejamos francos e honestos, bastaria fazer (continuar a fazer) o que os portugueses aqui fizeram até 1974. Mas isso, convenhamos, é pedir demasiado a quem (o MPLA) acha que é dono da verdade e que, por isso, considera que tudo o que os tugas fizerem foi mau.
Relativamente ao continente africano, na sua generalidade, referiu que 80 por cento dos alimentos consumidos têm origem na agricultura familiar, pois a estrutura agrícola em África é familiar. A seu ver, sem produção não se pode alimentar a população nem fazer a industrialização de produtos.
Nova e hilariante descoberta de Josefa Sacko. Sem produção não se pode alimentar a população? Ora essa! Então esquece-se da dieta imposta pelo governo angolano a mais 20 milhões de cidadãos que, todos os dias, revelam que estão a aprender a viver sem comer? É certo que os que estiveram mais próximos de atingir esse desiderato… morreram. Mas isso pouco importa!
Josefa Sacko defendeu a necessidade dos países continuarem a ter uma política clara na área da produção, investigação para alavancar a produção agrícola.
“Nós temos o programa CADEP, um projecto que foi adoptado pelos Chefes de Estados africanos em 2003, em Maputo, Moçambique, que prevê um financiamento de 10 por cento no sector agrícola das despesas públicas nas áreas da agricultura, florestas, pescas e ambiente”, sublinhou.
A comissária da UA frisou que actualmente só 20 países estão a progredir em termos da declaração de Maputo e de Malabo, em relação aos compromissos programado pelos Chefes de Estados para transformar a agricultura no continente africano.
Recorde-se que, depois de um faustoso repasto, Josefa Sacko afirmou em Luanda, no dia 27 de Março de 2018, que Angola progrediu na redução da fome, mas que precisava de reforçar a estratégia para diminuir a pobreza, agravada com o desemprego entre jovens.
Josefa Sacko falava à imprensa à margem do encontro de lançamento do Processo de Reformulação do Plano Nacional de Investimento Agrícola de Angola (PNIA), que visava alinhar a agenda interna com as metas internacionais, quer a continental quer a global, respectivamente para 2030 e para 2063, para que possa reduzir a pobreza e acabar com a fome até 2025.
Apenas para contextualizar a temática, recorde-se que Angola tem mais de 20 milhões de pobres, muitos dos quais nunca ouviram falar de uma coisa que Josefa Sacko conhece bem: refeições.
“Houve muitos progressos para acabar com a fome, tendo na base os programas de segurança alimentar”, disse (a angolana) Josefa Sacko, sublinhando que, em termos de combate à pobreza, Angola precisa de “fazer mais esforços”.
“A extrema pobreza é condenada a nível mundial e temos a questão do desemprego dos jovens, que é um dos pontos que acentua a pobreza no nosso continente e não só. As nossas zonas rurais, onde se faz a agricultura, deve ser revista para podermos investir e operar aí uma transformação”, frisou.
Por sua vez, na mesma altura, o então ministro da Agricultura e Florestas de Angola, Marcos Nhunga, disse que a disponibilização dos recursos para o sector “continuam aquém do indicado” para o alcance dos objectivos do pacto.
Segundo o ministro, o Governo angolano mostrou o seu empenho para alavancar o desenvolvimento da agricultura nacional, em particular, e africana em geral, ao aderir, em Junho de 2011, à plataforma continental integrada no Programa Detalhado para o Desenvolvimento da Agricultura em África (PDDAA), satisfazendo os ideais da Declaração dos chefes de Estado e do Governo da UA para 2033.
O governante acrescentou que o compromisso foi reforçado em Junho de 2014, com a assinatura da Declaração de Malabo (Guiné Equatorial), na 23.ª assembleia dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana.
Nas declarações à imprensa, Marcos Nhunga referiu que é preciso que Angola olhe para a forma como a agricultura se está a definir actualmente, vendo-a como “um sector fundamental para a redução da pobreza, garantindo a segurança alimentar e nutricional das populações”.
Marcos Nhunga destacou que a Declaração de Malabo previa que cada país contribua, no mínimo, com 10% dos seus orçamentos para o sector da agricultura, de forma a combater a pobreza e garantir a segurança alimentar e nutricional.
“É verdade que demos saltos qualitativos relativamente à diminuição da fome no nosso país, mas temos indicadores relativos à pobreza. O que se pretende aqui é fazer um alinhamento do Plano de Investimento da Agricultura, para que possamos cumprir com as agendas, não só nacional, como também africana e internacional”, avançou.
O titular da pasta da Agricultura e Florestas de Angola disse que o país saiu de um índice de mais de 60% da taxa de fome para menos de 30%, entre 2013 e 2015. E então se esse índice levasse em conta os dados da realeza do MPLA, será certo avançar que a taxa de fome é zero.
“E continuamos a lutar para baixar esses indicadores. No entanto, se não forem disponibilizadas mais verbas, não só para o sector da agricultura, mas também para o sector produtivo, de uma forma geral, é lógico que iremos atrasar-nos quanto às metas. Cumprimos isso até 2015. É esse o grande objectivo que se pretende a nível africano: podermos ver todas nações livres da fome, pobreza e com uma garantia de segurança alimentar e nutricional”, enfatizou.
Enquanto província ultramarina de Portugal, até 1973, Angola era auto-suficiente, face à diversificação da economia. Era o segundo produtor mundial de café Arábico; primeiro produtor mundial de bananas, através da província de Benguela, nos municípios da Ganda, Cubal, Cavaco e Tchongoroy. Só nesta região produzia-se tanta banana que alimentou, designadamente a Bélgica, Espanha e a Metrópole (Portugal) para além das colónias da época Cabo-Verde, Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.
Era igualmente o primeiro produtor africano de arroz através das regiões do (Luso) Moxico, Cacolo Manaquimbundo na Lunda Sul, Kanzar no Nordeste Lunda Norte e Bié.
Ainda no Leste, nas localidades de Luaco, Malude e Kossa, a “Diamang” (Companhia de Diamantes de Angola) tinha mais 80 mil cabeças de gado, desde bovino, suíno, lanígero e caprino, com uma abundante produção de ovos, leite, queijo e manteiga.
Na região da Baixa de Kassangue, havia a maior zona de produção de algodão, com a fábrica da Cotonang, que transformava o algodão, para além de produzir, óleo de soja, sabão e bagaço.
Na região de Moçâmedes, nas localidades do Tombwa, Lucira e Bentiaba, havia grandes extensões de salga de peixe onde se produzia, também enormes quantidades de “farinha de peixe”, exportada para a China e o Japão.