A Friends of Angola (FoA), organização dos direitos humanos, “exige” das autoridades angolanas a abertura de inquérito para “apurar a veracidade e responsabilizar os culpados” pela morte de um militante da UNITA durante uma manifestação em Benguela.
Em comunicado enviado hoje à comunicação social, a FoA diz ter tomado conhecimento com bastante preocupação do incidente ocorrido, no passado sábado, em Benguela, onde a polícia usou de forma excessiva a força desproporcional contra militantes, amigos e simpatizantes da UNITA.
A marcha de Benguela visou saudar o XIII Congresso Ordinário do “Galo Negro” e a reeleição de Adalberto da Costa Júnior para o cargo de presidente da UNITA, maior partido da oposição que o MPLA ainda permite que exista em Angola.
Em causa está a morte de Eugénio Pessela, cidadão de 41 anos, que, de acordo com um comunicado de imprensa do grupo parlamentar da UNITA, citando testemunhas, “participava pacificamente” numa marcha organizada, no sábado, pelo secretariado provincial do partido em Benguela.
O secretário provincial da UNITA em Benguela, Adriano Sapiñala, partilhou na sua página do Facebook que o militante, de 41 anos, foi atingido no peito com uma granada de gás lacrimogéneo, tendo sido assistido, mas não resistiu ao ferimento.
Para a FoA, os factos ocorridos “violam os direitos humanos e a Constituição da República de Angola, especialmente quando as autoridades angolanas consideram que devem ser autorizadas as manifestações pacíficas ou passeatas do MPLA (no poder há 46 anos) e não da sociedade civil ou partidos na oposição”.
A preocupação da organização dos direitos humanos baseia-se igualmente no “uso da força contra cidadãos indefesos, que procuram exercer o seu direito à liberdade de reunião e manifestação, na violação da Constituição pelo uso excessivo dos órgãos públicos de comunicação e o uso dos mesmos para a diabolização dos partidos na oposição e sociedade civil”.
Um “tratamento digno e respeito” dos cidadãos no exercício dos seus direitos é o que defende a Friends of Angola, apelando igualmente ao Governo angolano, ao governador de Benguela e ao Presidente angolano, João Lourenço, “para a defesa da vida humana, independentemente da sua cor partidária, crença ou etnia”.
“A FoA exige, ao mesmo tempo, das autoridades angolanas a abertura de um inquérito com o objectivo de se apurar a veracidade dos factos e levar à justiça os responsáveis pela agressão e morte do cidadão em causa”, lê-se na nota de repúdio.
A Polícia angolana anunciou, na segunda-feira, que abriu um inquérito interno para apurar a morte de Eugénio Pessela, referindo que os promotores da marcha “desobedeceram às orientações das autoridades”.
Folha 8 com Lusa