O Celito (Marcelo Rebelo de Sousa), Presidente da República Portuguesa, também já se tornou conhecido como o dono da lavandaria, onde grande parte dos dirigentes do MPLA, incluindo a actual família real presidencial, lavam e escondem o que se rouba de Angola… Daí, alguns opinadores considerarem excessiva a recepção efusiva, como se fosse um craque de futebol.
Por Fernando Vumby (*)
Marcelo, o Celito é populista, tem lá o seu jeito de fazer agradar e cair na graça de qualquer um e sempre que visita Angola torna-se assunto central das conversas, nos bares, nos kombas, nos táxis, nas casas de putedo, nas igrejas e, até mesmo, nas casas de bruxaria.
Estando sempre bem humorado e mostrando os dentes, os críticos acham que em vez de se estar a empanturrá-lo, com aplausos e cantigas de glória, às vezes, desnecessárias, se deveria aproveitar a oportunidade para confrontá-lo, com questões como as pertenças históricas de Angola ainda em posse de Portugal e deste país continuar a ser a mesma lavandaria de sempre onde tudo que é roubado, em Angola, é lavado para lá e escondido.
Não acho má ideia, mas ainda não é hoje que vou tecer a minha opinião sobre o assunto e nem sobre o Celito todas as vezes recebido como Deus, mesmo sem nunca ter estendido, uma única vez, os braços aos líderes da oposição política angolana.
Diálogo impossível entre João Lourenço e Adalberto Júnior
O diálogo entre o Presidente da República, presidente do MPLA, Titular do Poder Executivo e o presidente da UNITA, maior partido da oposição, que muita gente das tribos política e social desejam, repousa quase no reino da fantasia ou dos milagres, pois seria prever como normal um encontro entre um pimpão e um honesto.
Infelizmente persistem muitas ideias falsas sobre um diálogo autêntico que nunca é frutífero, quando de um lado está um pimpão que tem sempre muito para esconder e do outro lado um honesto que não tem nada para esconder, considerando os muitos factos que falam por si só, mostrando os dois lados.
Dialogar não deve ser uma simples estratégia de propaganda para manipular, pressionar, converter ou impor ideias como acontece na maioria das vezes, quando ocorre com alguns formalizados dirigentes do MPLA, tipo “cavalos” com uma pala na cabeça para não olharem à esquerda, nem à direita: só à frente…
Também não deve ser uma espécie de competição verbal para medir forças, satisfazer vaidades próprias, atacar e destruir os argumentos do outro, com conversa suja, mal educada e com acusações, fora do contexto, sempre rebuscando o passado da guerra, onde ninguém lutou com flores ou com bolachas nas mãos, mas sim, com armas, tipo uma conversa entre surdos onde os dois falam e nenhum escuta o ruído do outro.
O diálogo autêntico supõe respeito pelos interesses próprios e alheios, sendo uma estratégia ideal para resolver conflitos e aproximar as duas pessoas envolvidas.
Estimados, mesmo aqueles que conhecem o MPLA, que têm acompanhado os debates nas TV costumam ver essa atitude por parte das gentes do partido no poder. Já somaram quantos foram postos fora dos debates porque escangalharam, só mesmo com argumentos, os seus adversários e, quantos, não terão sido mortos como peixes, que morrem pela boca?
O diálogo implica que haja cedências de ambas as partes, pois só assim se encontram as melhores soluções e os membros e dirigentes do MPLA não têm estatura moral para ceder, até propostas para o bem de todos, só porque vindas da oposição, principalmente, da UNITA (falo deste partido), porque as outras formações partidárias, quando não se calam, coçam-se ou enfiam o dedo no nariz…
Se bem que o diálogo não suprime os conflitos e não faz as partes se tornarem iguais em termos de pensamento, mas facilita a compreensão, o respeito e a tolerância, assim como diminui a cegueira das paixões gananciosas e criminosas, e, acima de tudo, humaniza as divergências, tornando saudável, na minha opinião, nunca vai existir em Angola, enquanto de um lado estiver um batalhão de pimpões e do outro lado homens cheios de boa vontade com tanto amor ao próximo e a pátria.
(*) Fórum Livre Opinião & Justiça
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