O Banco Nacional de Angola (BNA) reviu em alta a inflação para 2021, esperando que atinja os 19,5% no final do ano contra os 18,7% inicialmente previstos, tendo em conta o choque de oferta registado nos quatro primeiros meses.
A informação foi divulgada após a reunião do Comité de Política Monetária do BNA (CPM) na qual foram analisados o comportamento recente e as perspectivas dos principais indicadores económicos, tendo presente o desenvolvimento actual da situação pandémica.
O BNA aponta a “lenta recuperação” da economia internacional, apesar dos progressos da vacinação em vários países e da introdução de estímulos fiscais e monetários, bem como “pressões inflacionistas”, com origem no lado da oferta, a nível nacional.
O Índice de Preços no Consumidor Nacional registou uma variação de 1,78% e 2,09% em Março e Abril de 2021, respectivamente, levando a inflação acumulada para 7,65% e a homóloga para 24,82% em Abril.
“O aumento da inflação decorreu, fundamentalmente, do maior incremento na variação de preços da classe Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas, reflexo do choque de oferta agregada de bens alimentares, justificado pela redução da oferta interna que não foi suficientemente compensada por importações”, explica o BNA numa nota divulgada no seu site
No que diz respeito ao mercado cambial, o BNA destaca que o kwanza acumulou ganhos de 1,24% e 4,48% em relação às suas congéneres norte-americana e europeia no mês de Março, enquanto para o mês de Abril, depreciou em 3,25% e 6,08% face às moedas norte-americana e europeia, reduzindo a apreciação acumulada para 0,51% e 1,94%, respectivamente.
O BNA salienta igualmente que as Reservas Internacionais permanecem em níveis confortáveis.
O stock de Reservas Internacionais Brutas situou-se em 14,59 mil milhões de dólares (11,96 mil milhões de euros) em Abril, contra 14,98 mil milhões de dólares (12,28 mil milhões) no mês de Março, equivalente a um grau de cobertura de importações de bens e serviços de aproximadamente 11 meses.
As Reservas Internacionais Líquidas fixaram-se em 7,99 mil milhões de dólares (6,55 mil milhões de euros), face aos 8,42 mil milhões de dólares de Março (6,90 mil milhões de euros).
“Relativamente às contas externas, as novas projecções apontam para um saldo global superavitário da Balança de Pagamentos na ordem de 450 milhões de dólares (369 milhões de euros), o que permitirá uma ligeira acumulação de reservas internacionais na mesma magnitude, justificada fundamentalmente pelo efeito positivo da subida dos preços de petróleo nos mercados internacionais”, acrescenta a instituição.
Tendo em conta os indicadores, o CPM decidiu manter a taxa básica de juro em 15,5% e aumentar o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda estrangeira de 17% para 22%, terminando-se a obrigatoriedade de cumprimento parcial em moeda nacional.
Mantêm-se a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez, indexada à taxa de juro de mercado dos Bilhetes do Tesouro para 91 dias, acrescida de 0,5%, e a taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez com maturidade de 7 dias em 12%.
Lusa