O secretário-geral da UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa), Vítor Ramalho (foto), escreveu a todos os presidentes das cidades associadas da UCCLA, sensibilizando-os para a necessidade de todos contribuírem para uma convergência de esforços, com vista à necessidade de tudo se fazer para pôr termo à gravíssima situação que se vive em Cabo Delgado, Moçambique.
Eis, na íntegra, o teor da carta: «Apelo com vista à concertação de esforços para que eficazmente contribuamos para pôr termo à indescritível desumanidade perpetrada por acções de grupos fanáticos que atingem cidadãos indefesos na região de Cabo Delgado em Moçambique – Proposta para a realização de uma reunião em vídeo-conferência das cidades UCCLA com este objectivo.
Dirijo-me à pessoa de V. Exa., bem como a todos os responsáveis das cidades associadas da UCCLA-União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa.
Faço-o tendo em atenção os relatos que tenho ouvido de cidadãos que se refugiaram em Maputo, Nampula e Quelimane, cidades associadas da UCCLA e que nos fizeram relatos indescritíveis do que ocorre na região de Cabo Delgado, que tem por capital a cidade de Pemba.
São descrições de uma desumana crueldade, perpetrados por grupos fanáticos, que semeiam indiscriminadamente a morte, incluindo de crianças inocentes, não poupando quem quer que seja independentemente da origem geográfica, de género ou etnia.
Não há ideário que o justifique por mais voltas que se dêem perante a total heterogeneidade das condições sociais, económicas e outras das vitimas inocentes.
O objectivo prosseguido por esses fanáticos é o da destruição e da morte.
A comunicação social mundial tem feito eco da dimensão da tragédia.
A UCCLA, consciente dos objectivos que prossegue em proximidade com os cidadãos das 55 cidades associadas de África, Ásia, América Latina e Europa, tem plena consciência de que já hoje uma larga maioria da população mundial vive em cidades e dentro de escassos anos mais de 70% dessa população viverá nelas.
Uma parte muito importante dos munícipes dessas cidades falarão no futuro ainda mais numa língua universal a todos comum, que é o português.
As notícias que nos chegaram recentemente, também de Pemba, podem amanhã ocorrer em qualquer outra cidade ou região dos países a que pertencemos.
Que não haja ilusões a este respeito.
Por isso devemo-nos todos sentir cidadãos de Cabo Delgado.
Porque, pelo que antecede, não somos indiferentes ao que se passa, o presente apelo dirigido a todos os responsáveis das nossas cidades tem um único objectivo – é preciso concertarmos esforços numa solidária corrente de opinião que possa contribuir para por termo à gravíssima situação existente.
Isso implica que pelos meios ao nosso alcance sensibilizemos os poderes públicos nacionais e internacionais, para que se obtenha uma resposta inadiável e eficiente, que esteja para além de declarações de condenação da barbárie, fundamentada numa lógica de morte e alheia ao respeito do direito fundamental à vida.
A resposta eficiente que se deseja tem subjacente a defesa do direito internacional, jamais podendo deixar de se articular com as funções soberanas do Estado de Moçambique.
É útil e muito proveitoso termos a noção que o planeta terra é único conhecido para nele vivermos e porque devemos sentirmo-nos todos cidadãos de Cabo Delgado, o retorno à paz e ao desenvolvimento diz respeito a toda a humanidade e as cidades de língua portuguesa não podem deixar de tudo fazer para contribuir para este objectivo.
Em concreto, para a ponderação das eventuais medidas a tomarmos, proponho que nos reunamos por videoconferência, aguardando a confirmação da parte de V. Exa. nessa videoconferência que diligenciarei agendar no mais curto espaço de tempo.
Aguardando a confirmação de V. Exa. e seguro da melhor compreensão, disponibilizo-me para tudo o que for entendido por conveniente, também consciente de que o cargo que ocupo, por eleição directa de todos, me impõe responsabilidades solidárias perante os concidadãos das nossas cidades.»