Presidente angolano quer privados a produzir bens de consumo para militares

O Presidente angolano encorajou hoje parcerias empresariais privadas para a produção de bens de consumo para as forças de defesa e segurança e dessa forma aliviar os cofres do Estado.

João Lourenço, que discursava na abertura de uma reunião com as chefias militares do país, no quartel-general do exército, que hoje completou 29 anos de existência, garantiu que apesar de a economia ser uma prioridade na agenda do Estado, continuará a ser prestada atenção à necessidade de manter as forças de defesa e segurança com elevada capacidade de resposta “a todas as potenciais ameaças internas e externas que possam pôr em perigo a segurança nacional”.

O chefe de Estado frisou que as forças de defesa e segurança são imprescindíveis à sobrevivência de qualquer Estado, contudo, representam sempre uma despesa considerável ao orçamento de qualquer país.

“Por esta razão, embora elas sejam importantes em todas as circunstâncias, incluindo em situação de paz e estabilidade, os seus efectivos devem ser ajustados permanentemente em função da maior ou menor iminência de conflito”, observou João Lourenço.

“Se por um lado devemos fazer esse exercício, de redimensionar as FAA, acautelando, porém, a manutenção da sua capacidade operacional, com menos efectivos, melhor preparados e com armamento e técnica mais moderna e eficiente, por outro, somos também chamados a encontrar alguma auto-suficiência na produção de alimentos, fardas e botas, utensílios de caserna e outros bens logísticos de grande consumo diário pela tropa”, acrescentou.

O Presidente manifestou também preocupação com a reforma das forças de defesa e segurança do país, salientando que são necessárias alternativas ao financiamento da Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (FAA), da Caixa Social da Polícia Nacional e da congénere dos Serviços de Inteligência.

Estes organismos “têm a responsabilidade de assegurar uma vida condigna aos reformados destas instituições castrenses”, mas até ao presente, sublinhou João Lourenço, vem sendo suportada “quase que exclusivamente pelo Orçamento Geral do Estado”.

“Sabemos que a condição de reformado nem sempre é bem-encarada por todos, porque nem sempre estamos preparados, do ponto de vista psicológico, a enfrentar essa nova realidade, que, não sendo uma fatalidade, algum dia acaba por nos bater à porta, mas que o ser humano tem normalmente a tendência de pensar que só atinge os outros”, realçou.

O Presidente defendeu que os reformados podem ser úteis para passar as experiências adquiridas ao longo dos anos, nas Escola Superior de Guerra, no Instituto Superior Técnico Militar, nas academias militares dos ramos, na academia da Polícia Nacional e de uma forma geral nos diferentes estabelecimentos de ensino militar e policial.

“Mesmo reformados, podemos continuar a transmitir os conhecimentos da nossa especialidade, adquiridos ao longo dos anos e com isso substituir gradualmente a cooperação estrangeira e com ela reduzir as despesas em divisas, portanto, reduzir a dívida externa do país”, indicou.

A contribuição pode igualmente ser dada, prosseguiu João Lourenço, no registo da história militar do país e organização dos museus, monumentos e sítios militares, “que não se podem circunscrever apenas às Fortaleza de Luanda, Kifangondo e Cuito Cuanavale.

“Precisamos também de perpetuar a história das Batalhas do Ntó, em Cabinda, do Ebo, no Cuanza Sul, de Cangamba, no Moxico, da Cahama, no Cunene, das cidades do Huambo, Cuito, Luena e de outras não menos importantes, enquanto muitos dos protagonistas destas batalhas estão vivos e em condições de relatar essas gloriosas experiências vividas”, referiu.

Lusa

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