O Presidente angolano (não nominalmente eleito), Titular do Poder Executivo e líder do MPLA (partido no Poder há… 45 anos), João Lourenço, disse hoje que o seu país (o dos angolanos é outro) tem hoje “uma melhor apreciação da gravidade” da corrupção e afirmou que o seu partido “não tem de que se envergonhar” na luta contra si próprio, ou não fosse o pai e a mãe da corrupção.
Por Orlando Castro
Durante o seu discurso nas comemorações dos (supostos) 64 anos do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), hoje em Luanda, João Lourenço definiu como principais desafios colocados a Angola a crise económica de 2014, “derivada da baixa significativa das receitas de exportação do petróleo”, o alto endividamento externo e os efeitos nefastos da pandemia de Covid-19. Com excepção da pandemia do coronavírus, os outros dois (mas há muitos mais) cancros são da exclusiva responsabilidade do MPLA.
“Com as restrições a nível da força de trabalho das unidades produtivas e do comércio e as restrições na mobilidade, assistimos ao aumento do custo de vida e do desemprego, situação que preocupa o MPLA”, disse João Lourenço, referindo-se ao impacto da crise sanitária nos angolanos, nomeadamente nos 20 milhões de pobres que, ao contrário do Presidente, nasceram com fome, cresceram com fome e vão morrer prematuramente de… fome.
Contudo, o presidente do MPLA (general, ex-vice-presidente do MPLA, ex-ministro da Defesa de José Eduardo dos Santos, deputado entre 1984 e 1992, presidente do Grupo parlamentar do MPLA entre 1993 e 1998, 1.º vice-presidente da Assembleia Nacional entre 2003 e 2014) reconheceu que, 18 anos depois do fim do conflito armado em Angola, desenvolveu-se “um outro constrangimento tão prejudicial para o país quanto a guerra, que tomou de assalto os cofres do Estado” e parte relevante da economia: a corrupção. Corrupção que João Lourenço não tem coragem de dizer que é “made in MPLA”, que está no ADN do MPLA e que o MPLA é o partido com mais corruptos por metro quadrado.
“Hoje, melhor do que há três anos, o país tem uma melhor apreciação da gravidade, da seriedade e da profundidade do abismo cavado pela corrupção em Angola”, disse o Presidente, que chegou ao topo do poder em 2017, depois de décadas a ver roubar, participar nos roubos, beneficiar dos roubos mas, mesmo assim, dizer que não é “ladrão”.
João Lourenço assumiu o papel do MPLA na luta contra a corrupção, apesar de este ser o partido que está à frente dos destinos de Angola desde 1975 e de muitos dos seus anteriores dirigentes serem agora alvo das investigações para o seu suposto combate. Só escapam os que, entretanto, deixaram de ter coluna vertebral, testículos, e cérebro, tornando-se em autómatos ao serviço do novo representante de Deus em Angola.
“O mérito do MPLA consiste no facto de, enquanto partido governante, ter orientado o Executivo a encetar esta cruzada de luta contra a corrupção, mesmo sabendo do presumível envolvimento de militantes e dirigentes seus nos mais diferentes escalões da hierarquia partidária”, admitiu João Lourenço, aplaudindo a coragem das “vozes discordantes da sociedade civil”, que condenam este problema há vários anos. Coragem que, contudo, quer agora substituída pela bajulação.
“O MPLA não tem de que de envergonhar, antes pelo contrário, com esta nossa postura de coragem e de total transparência, só temos de nos orgulhar e andar de cabeça cada vez mais levantada”, disse o presidente do partido. Nisto tem razão. Quanto mais levantada estiver a cabeça, mais improvável é verem o que se passa no país real, nos caixotes de lixo que são o “self-service” de milhões de angolanos.
O Presidente do MPLA (e cada vez menos presidente dos angolano) prometeu uma “agenda política que fortaleça o patriotismo, o respeito ao primado da lei, o respeito pela diferença, que promova a tolerância política e a reconciliação nacional”, dizendo que a sua causa é a do “desenvolvimento económico e social de Angola”.
O país de todos nós, e não apenas o dos angolanos de primeira (os do MPLA), ganharia se fossem divulgadas, as muitas actas produzidas, no tempo do ex-vice presidente da Assembleia Nacional, João Lourenço, espelhando o seu inconformismo contra a corrupção, peculato e nepotismo praticados, unicamente, por José Eduardo dos Santos favorecendo os filhos, família e excluindo camaradas do seu partido, que são miseráveis, rotos e esfarrapados, como os vinte milhões de pobres.
O problema está que nesses 38 anos, todos os “joões lourenços” do MPLA eram consciente e milionariamente surdos, cegos e mudos. Tal como acontece hoje.
O A.Neto e o Chefe dos DENTOLAS de angola e chefe dos ROEDORES das cenoras de angola.