A UNITA condenou os confrontos em Luanda, que provocaram um (ou dois) mortos durante uma manifestação realizada em 11 de Novembro, dia da Independência de Angola, considerando que configuram “abuso de poder e uma grosseira violação do direito de manifestação, informação e das liberdades de imprensa”. Do ponto de vista do MPLA, no Poder há 45 anos, foi tão só uma demonstração do que pare ele é uma democracia e um Estado de Direito.
O Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA afirma em comunicado que “condena veementemente tais actos injustificáveis, que passam a ser recorrentes por parte das autoridades, numa lógica de regressão e ataques aos fundamentos do Estado Democrático e de Direito, numa altura em que Angola celebra 45 anos de independência”.
A UNITA considera que a intervenção policial na manifestação, “que culminou com a morte de um dos manifestantes, o ferimento de muitos e a detenção de outros, incluindo o jornalista da Rádio Ecclesia em Cabinda e o correspondente da agência Reuters em Angola” constitui “abuso de poder” e “grosseira violação” do direito “de “expressão e pensamento”.
O principal partido da oposição que o MPLA ainda permite que exista em Angola refere ainda uma invasão de domicílio “protagonizada por efectivos dos Serviços de Investigação Criminal – SIC na residência de Dom Belmiro Chissengueti, Bispo de Cabinda”.
A UNITA defende que o Governo deve “colocar um ponto final nos actos dos agentes dos órgãos de defesa e segurança que atropelam reiteradas vezes a Constituição e a Lei, criando um clima de terror e insegurança no seio das populações”.
Para a UNITA, o “diálogo franco e abrangente foi, é e continuará a ser o melhor caminho para a solução dos problemas que afligem a sociedade angolana, consubstanciados na falta de emprego, elevado custo de vida e o adiamento das autarquias locais vistas como uma ponte para o desenvolvimento das comunidades”, lê-se no comunicado.
Na quarta-feira, a polícia (angolana) do MPLA negou que uma pessoa tenha morrido durante os confrontos em Luanda com jovens que se queriam manifestar, garantindo ter usado apenas meios não letais para obrigar ao cumprimento da lei.
Em declarações aos jornalistas, o comandante provincial de Luanda, Eduardo Cerqueira, disse que o cidadão que foi dado como morto está internado no hospital Américo Boavida e recebeu tratamento hospitalar.
Sem indicar quantos manifestantes foram detidos, Eduardo Cerqueira adiantou que “foram recolhidos vários cidadãos com intuito de afastá-los das áreas onde se estavam a registar os factos”, incluindo dois jornalistas que foram levados para a esquadra.
Eduardo Cerqueira garantiu que a polícia não usou balas reais. “Isso seria um genocídio”, considerou, acrescentando que os feridos resultam da carga “aplicada contra quem aplica carga contra a polícia”, a fim de “neutralizar os indivíduos”.
Recorde-se que o jovem que morreu tropeçou na sua própria sombra, caiu e bateu com a cabeça na sombra de um Polícia que, aliás, prontamente o socorreu. Só mesmo mentes mal intencionadas podem afirmar que houve violência…
Provavelmente, com o brilhantismo que é peculiar a todos os comandantes, o chefe provincial de Luanda, Eduardo Cerqueira, irá esclarecer que antes de morrer o jovem falecido estava vivo.
A Polícia garantiu ter usado apenas meios não letais, próprios “neste tipo de eventos”. É verdade. Por alguma razão o que se viu no local, e que foi confundido com invólucros de balas, mais não eram do que vestígios dos rebuçados e chocolates que o Ministro Eugénio Laborinho entregou aos polícias para distribuir pelos manifestantes…
Em relação às balas reais, registe-se que o Folha 8 (que na quarta-feira esteve no centro do furacão) confirma que foram usadas essas balas, não tendo – contudo – conseguido certificar-se de que não seriam balas que andavam perdidas desde 1992, altura em que o MPLA tentou decapitar a UNITA…
A balística do MPLA está, aliás, a analisar os projécteis de modo a, se for necessário, provar que foram disparados por agentes da polícia oriundos (só pode!) da UNITA e que têm em seu poder armas e balas trazidas da… Jamba.
Folha 8 com Lusa