O caso passou-se hoje, na cidade do Porto (Portugal) e envolveu agentes da Polícia Municipal (afecta à respectiva Câmara Municipal) e um cidadão angolano, e decorreu junto ao Centro Materno Infantil do Norte (CMIN), vulgo Maternidade Júlio Dinis.
Por Norberto Hossi
O cidadão angolano deslocara-se (viatura da foto) ao CMIN, juntamente com outros familiares, para visitar uma filha que ali estava internada. Dada a dificuldade de estacionamento, deixou os familiares à porta e foi procurar lugar para deixar a viatura. A dado momento o telemóvel toca e o condutor pára a viatura no exacto local que se vê na foto para não atender a chamada ao mesmo tempo que guiava.
Como a conversa prometia ser demorada, saiu do carro e ficou encostado a ele a falar. E é nessa altura que, quase parecendo um raide militar, é “cercado” por uma viatura de Polícia Municipal e por um carro-reboque também da Polícia.
Ao perceberem que afinal o motorista era o cidadão que ali estava junto à viatura pediram-lhe a identificação e a Carta de Condução, interrogando-o no sentido de saberem se ele poderia pagar imediatamente a multa por estar estacionado em cima da passadeira para peões. “Apenas” 60 euros…
Curiosamente os agentes da Polícia Municipal do Porto não pediram os documentos da viatura. Poderia ser roubada, mas essa não era a preocupação. A função dos polícias era multar forte e feio, como a seguir se verá. Com o carro-reboque à espera, um dos dois polícias presentes (provavelmente o “chefe”), disse-lhe:
“Sigam para aquele carro vermelho que está ali na rua em cima do passeio, que eu já lá vou ter”. E eles assim fizeram.
O condutor, depois de ter confirmado que pagaria a multa imediatamente, explicou (ou pelo menos tentou) que havia uma diferença entre estar estacionado e estar parado. Debalde. Para os agentes era exactamente a mesma coisa.
Foi então que o condutor explicou que os carros que estavam à frente do seu (ver foto), esses sim estavam estacionados porque os condutores não estavam junto ou nas viaturas. Nada feito.
Era assim e assim foi. 60 euros e pouca treta.
E então porque é que a Polícia Municipal do Porto não multou essas outras viaturas? Simples. A multa por estacionamento junto à linha amarela é de muito menor custo (cerca de 24 euros) e não dá direito ao chorudo pagamento do reboque.
Mas será que a acção punitiva e musculada da Polícia Municipal do Porto se deve a uma tentativa de pôr na ordem automobilistas que ali estacionam os carros em locais indevidos para, pura e simplesmente, ir beber uns copos? Não. Na zona não existem bares nem restaurantes. Todo o assinalável tráfego se deve à existência do Centro Materno Infantil do Norte, sendo que o movimento de carros se deve apenas a idas à urgência ou a visitas a doentes internados.
Entretanto, como o Folha 8 verificou no local, a dupla Polícias/carro de reboque passaram várias vezes por lá, mantendo-se indiferente às dezenas de viaturas estacionadas em locais proibidos, estando apenas de olho afinado na descoberta, selectiva, dos que poderiam ser rebocados.
Pois eu desconfio que o senhor angolano em questão não era propriamente branco e por isso teve um tratamento à moda do Bairro da Jamaica.
Isto sou eu a pensar em voz alta, é claro!