Nem de propósito! Acabei de dar uma vista de olhos pelo jornal “O País” do dia de hoje, 8 de Fevereiro, e constato uma notícia espantosa na primeira página do mesmo. Todos os alunos (260) que fizeram exame de acesso à FCA (Faculdade de Ciências Agrárias) da UJES (Universidade José Eduardo dos Santos), reprovaram por não terem atingido a nota mínima exigida: 10 valores. Parece que foi encomendado!
Por Carlos Pinho
Falta saber agora o que vão as autoridades fazer. Em teoria irão repetir o exame e uma mente “perversa” como a minha fica logo a pensar, será certamente um exame mais fácil para que alguém consiga ter nota de acesso. E assim, mais uma vez se tapará o sol com a peneira e ficará tudo bem até ao próximo evento análogo.
Irão, quiçá, aparecer alunos geniais a tirarem sistematicamente 20 valores como referiu, noutro jornal, o sociólogo Paulo de Carvalho, a propósito do curso de medicina de uma outra universidade.
E que tal os políticos, porque é o poder político que controla as universidades em Angola, resolverem “pegar o touro pelos cornos”?
É simples. Pegam nos alunos que tiraram entre 7 e 9 valores nas tais provas da FCA da UJES, metem-nos num ano zero, a decorrer nessa mesma faculdade, dão-lhes umas boas ensaboadelas em Física, Química, Biologia, Matemática e Português e no final do ano lectivo mandam-nos repetir as provas de admissão. Talvez tenha de se lhe dar um peso à nota deste ano zero, isso seria algo a ponderar, e tentava-se assim um tratamento de choque.
De outro modo, andar a assobiar para o lado e repetir os exames fazendo-os agora menos exigentes, é uma perfeita tolice. É claro que os alunos, nisto tudo, são os menos culpados, mas ou se ataca isto desde já ou vão continuar a sair das universidades angolanas pessoas com formação muito deficiente.
Contudo, isto sou eu a falar!, tenho de ter mais cuidado. Ainda vão dizer que estou a ser mal intencionado ou a ser politicamente incorrecto. Enfim, o que digo agora já o disse tanto na UKB como na UJES em Dezembro de 2011 (Nessa altura numa dessas universidades houve de facto alguém que me disse ser a ideia do ano zero politicamente inaceitável).
Mas lá diz o ditado, “quem vos avisa, vosso amigo é”.
Nota do F8. Texto (ligeiramente) adaptado e que hoje foi publicado aqui, como comentário ao artigo “O fundo do corredor e o corredor de fundo”, a propósito de uma notícia intitulada “UKB avança com mestrado em Ensino Primário”.
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