Girassol promete cirurgias gratuitas para crianças

A Clínica Girassol oferece serviços de cirurgia cardiotorácica em crianças de forma gratuita, informou hoje, em Luanda, a chefe do departamento de marketing e comunicação, Andresa Prata, acrescentando que a clínica opera em média três crianças por semana, num serviço único país.

Por ser a única unidade hospitalar a prestar este serviço, o Executivo rubricou um acordo, através da Junta Nacional de Saúde, que permite que os pacientes sejam examinados nos hospitais públicos e se houver necessidade deste serviço serem transferidos para a Girassol, desde 2014.

O referido acordo é extensivo à Cruz Vermelha de Portugal que contribui com a participação nos serviços cirúrgicos e na transferência de conhecimento para os técnicos angolanos.

Segundo Andresa Prata, este trabalho teve início em 2014 e até 2016 operava uma média de quatro crianças dia, processo que teve uma ligeira paragem em 2017, mas retomado com o balanço de quatro pacientes por semana.

A cirurgia cardiotorácica trata de casos semelhantes à do bebé que há cerca de duas semanas nasceu na província da Huíla com ectoplasma cardíaca (caixa torácica aberta e o coração exposto).

A Clínica Girassol ainda presta serviços únicos como cardiologia de intervenção (hemodinâmica), neonatologia (UTI Neonatal), Medicina Nuclear, Braquiterapia, Nefrologia (diálises peritonial).

Na 35ª edição da Filda, a Clínica Girassol lançou um novo serviço “Clube de Gestantes”, com uma inscrição que não vai exceder os 10 mil kwanzas. Visa a transmissão de conhecimentos sobre os cuidados a ter no processo de gestação e depois do bebé nascer.

Recorde-se que a Clínica Girassol, da petrolífera estatal Sonangol, anunciou no dia 9 de Julho de 2018 o alargamento dos serviços de assistência médica e medicamentosa a um centro de saúde, em Luanda, para facilitar o atendimento a mais pessoas, a preços baixos.

O Centro de Saúde Girassol conta com capacidade de atendimento diário de até 450 pacientes e um total de 32 médicos, para as especialidades de medicina interna, pediatria, medicina dentária e ginecologia-obstetrícia, e foi inaugurado pelo administrador da Sonangol, Baltazar Miguel.

Na altura, em declarações à imprensa, o superintendente hospitalar da Clínica Girassol, Ambrósio Crispim, disse que o centro médico representa uma extensão da clínica, considerada a unidade hospitalar mais avançada em Angola, que pretende dimensionar e rentabilizar os seus serviços, além de promover o atendimento a uma franja da população a preços mais baixos.

“A clínica Girassol é transversal, tem centros e postos médicos e existe um grande número de cidadãos que querem beneficiar dos serviços da clínica da Girassol e tendo em conta a situação económica que o país vive, entendeu desenvolver um projecto de assistência médica e medicamentosa voltada para este centro médico, que possa facilitar a uma franja da população de Luanda e não só”, referiu.

Sem revelar os preços a serem praticados, o responsável salientou que foi realizado um estudo que permitiu aferir que se trata de um projecto “viável, uma vez que as receitas permitem cobrir os custos quer fixos quer variáveis”.

“A Clínica Girassol não é só uma estrutura principal que temos em Luanda, nós temos postos e centros médicos espalhados a nível do país e o objectivo é rentabilizar os seus serviços, abrindo os serviços não só aos funcionários da Sonangol, mas também para particulares e a seguradoras”, frisou.

Em Fevereiro de 2018, o então presidente do conselho de administração da Sonangol, Carlos Saturnino, referiu em conferência de imprensa, que estava a ser estudada a possibilidade da transferência para privados a gestão da Clínica Sonangol, para a rentabilização dos investimentos feitos naquela que é uma das maiores unidades hospitalares de Angola.

Carlos Saturnino salientou que a clínica “gasta muito dinheiro por mês” da petrolífera, pelo que teria de ser necessário encontrar “o modelo apropriado de negócio”.

“Conseguimos gerir a Girassol sozinhos? São perguntas para as quais não temos respostas. Ou será mais apropriado procurar unidades ou empresas especializadas na gestão de unidades para fazer uma associação ou parceria, com a Sonangol, e realmente pôr essa unidade na liderança do sistema de saúde em Angola”, questionou Carlos Saturnino.

O então presidente da petrolífera angolana, admitindo falhas na gestão da clínica, realçou o mau resultado do negócio.

“Achamos que devemos ter humildade, porque não tem estado muito bem. A administração recebe muitas reclamações, muitas cartas, telefonemas. Os colegas que estão na Girassol fazem das tripas o coração, mas o resultado é que não está a funcionar bem. Os trabalhadores queixam-se, as pessoas da rua queixam-se, mas o dinheiro é gasto, e, em termos de administração, temos de ter resultados em relação ao dinheiro gasto”, disse.

Na altura, Carlos Saturnino lembrou que se trata de um investimento com impacto social grande, com investimentos avultados quer financeiro quer em capital humano, garantindo a sua continuidade e novos investimentos.

Os membros dos órgãos sociais da Girassol têm, de acordo com as informações da própria entidade, “experiência de gestão e desenvolvimento de empresas e/ou em administração hospitalar”, pelo que “a combinação entre o empenho da equipa no bem-estar dos pacientes e funcionários da clínica e a incidência na responsabilidade social deu origem a uma infra-estrutura apta a satisfazer as demandas da medicina actual ao mesmo tempo em que permite ir de encontro às inovações e descobertas do amanhã”.

Recorde-se igualmente que o Presidente João Lourenço pediu a 16 de Novembro de 2017, aos novos administradores da Sonangol, após a exoneração de Isabel dos Santos, para que “cuidem bem” da concessionária estatal petrolífera, por ser a “galinha dos ovos de ouro” do regime e, por essa via, do MPLA.

Menos de 24 horas depois de a Casa Civil do Presidente da República ter anunciado a exoneração do conselho de administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), o chefe de Estado deu posse naquele à nova equipa da petrolífera estatal, que passou a ser liderada por Carlos Saturnino, entretanto já exonerado.

“Continue a ser, para a nossa economia, a galinha dos ovos de ouro. Eis a razão porque fazemos este apelo, para que cuidem bem dela”, disse João Lourenço.

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