No quadro da positividade da lei da vida, fui impelido, pela “Fogueira dos Jornalistas” e Fernando Guelengue, um dos seus rostos, a fazer uma interrupção, nos textos analíticos relativos à actual situação política, económica e social, onde o ódio, a raiva e a ausência de um pacto de regime, cega os novos autores.
Por William Tonet
Autores esses que, no pedestal de vaidades umbilicais e discursos do “eumismo”, preparam-se, para atirar o país para um abismo maior do que o actual, caso não haja inteligência e humildade para um “KRF” (marcha atrás: inversão de marcha, na linguagem militar), para assim impedir o espoletar de uma convulsão social dos pobres, cansados de não conseguirem, com os actuais níveis de inflação, custo de vida, desemprego, contornar a fome que tem pressa e é indiferente à concessão de tempo do FMI, para o alegado êxito das propaladas reformas capitalistas.
O CULTO DA BAJULAÇÃO
Seria importante, prudente e oportuno, nesta fase em que os travões do camião executivo começam a evidenciar um perigoso desgaste, que João Lourenço, enquanto Presidente da República, “não preferisse ser ASSASSINADO PELO ELOGIO, MAS ANTES SALVO PELA CRITICA”, e revogasse a decisão de assinar, para exclusiva satisfação da comunidade internacional (que idolatra dirigentes africanos e subdesenvolvidos, submissos, aos seus desígnios) o Decreto Legislativo Presidencial, de institucionalização do “COLONIALISMO ECONÓMICO”, que implantará, em pleno séc. XXI, a mais cruel escravização dos autóctones angolanos, com o controlo absoluto da economia, na mão de investidores (ou, melhor, exploradores) estrangeiros.
LÍDER CONSIDERADO O ÚNICO ILUMINADO
Com a soberania submissa, os novos escravos angolanos, principalmente, os pretos, terão acesso ao mercado de trabalho, sim, mas como guarda-costas, seguranças e empregados de limpeza, num claro racismo institucional que se vai caboucar, fundamentalmente, se João Lourenço, que parece outorgar-se o diploma de único juiz com domínio e conhecimento no combate à corrupção e à gestão económica, pudesse, é o meu conselho, ler o segundo livro da Bíblia, mais concretamente o Êxodo XVIII, texto que recomendo a todos os meus alunos do curso de Direito, na disciplina de “Recursos em Processo Penal”, que se interiorizado correctamente, coloca um líder, comprometido com verdadeiras mudanças e a felicidade dos cidadãos, abandonasse a condição de jogador e árbitro, para se transformar em juiz de recurso, num paralelo ao conselho de Jetro (sogro) a Móises: “(…) 13 – No dia seguinte Moisés assentou-se para julgar as questões do povo e este permaneceu em pé diante dele, desde a manhã até o cair da tarde. 14 -Quando o seu sogro viu tudo o que ele estava a fazer pelo povo, disse: “Que é que você está fazendo? Por que só você se assenta para julgar, e todo este povo o espera em pé, desde a manhã até ao cair da tarde?” 15 – Moisés respondeu-lhe: “O povo me procura para que eu consulte a Deus. 16 – Toda a vez que alguém tem uma questão, esta me é trazida, e eu decido entre as partes, e ensino-lhes os decretos e leis de Deus”. 17 – Respondeu o sogro de Moisés: “O que você está a fazer não é bom. 18 – Você e o seu povo ficarão esgotados, pois essa tarefa é-lhe pesada demais. Você não pode executá-la sozinho. 19 – Agora, ouça-me! Eu lhe darei um conselho, e que Deus esteja com você! Seja você o representante do povo diante de Deus e leve a Deus as suas questões. 20 – Oriente-os quanto aos decretos e leis, mostrando-lhes como devem viver e o que devem fazer. 21 – Mas escolha dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e inimigos de ganho desonesto. Estabeleça-os como chefes de mil, de cem, de cinquenta e de dez. 22 – Eles estarão sempre à disposição do povo para julgar as questões. Trarão a você apenas as questões difíceis; as mais simples decidirão sozinhos. Isso tornará mais leve o seu fardo, porque eles o dividirão com você. 23 – Se você assim fizer, e se assim Deus ordenar, você será capaz de suportar as dificuldades, e todo este povo voltará para casa satisfeito (…)”.
JLO DEFENDE PREJUÍZO NA TAAG
O combate ao despesismo público e à corrupção, continuando a seguir os moldes actuais, de só um homem saber o que isso é, menosprezando os demais actores políticos e sociais, será uma mera acção de ilusão e ficção, uma vez o líder do próprio MPLA, por muitos considerado o seu coveiro (pelos tiros que dá nos próprios pés), face às denúncias de muitos dos seus camaradas de partido, serem a pior escória da sociedade, pese estarem alojados no poder legislativo, executivo e judicial, para melhor delapidarem os cofres públicos, transformando-se, assim, numa refinada quadrilha de criminosos e gangsters. O combate ao despesismo público é uma tarefa hercúlea e muito séria, que deveria levar João Lourenço a abraçar várias correntes económicas, para não cair, de novo, nos mesmos erros do passado, em que a política de partido único se mistura com a economia e mesmo não sabendo matemática ousa discutir álgebra.
E se dúvidas houvesse sobre o desnorte da actual política económica, basta verificar as mais recentes medidas de transformar a TAAG numa empresa sem norte, pois os seus accionistas são, também, empresas mutiladas, tais como o Fundo Soberano, a ENANA, entre outros. E nessa aberração foi proposto o aumento do capital em mais de 2 mil milhões de dólares, quando nenhum deles tem esse montante. E na ilusão de estar bem a companhia, projectam, erradamente, mesmo sem novas rotas e mercados, a aquisição de novas aeronaves e, num autêntico crime, para endividar mais o Estado, o Titular do Poder Executivo, numa medida que mandou às urtigas a economia, ordena o endividamento e prejuízo da TAAG com a abertura de duas rotas aéreas: Cabo Verde e Ruanda, para satisfação exclusiva de vaidades umbilicais do chefe e flagrante prejuízo dos cofres da companhia e do Estado. Como se vê, a senha mantém-se inalterável: TUDO MUDOU, SEM NADA MUDAR…
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