De vitória em vitória que a derrota está aí na esquina

O MPLA está preocupado (quem diria?) com a intriga, proliferação de informações falsas e divulgação de decisões reservadas apenas à direcção do partido, sobretudo, nas redes sociais, porque mais do que atingir pessoas prejudica aquela organização política no poder em Angola desde 1975 e onde quer permanecer durante mais umas décadas.

O assunto foi hoje focado pelo secretário-geral do MPLA, Paulo Cassoma, no discurso de abertura de uma reunião do secretariado do Bureau Político do partido com quadros do aparelho central e do comité provincial de Luanda do MPLA, quando este se referia à vida interna da formação política.

“A disciplina, o rigor, o respeito, a ética nas relações de trabalho, a pontualidade, o combate à intriga, proliferação de informações falsas e divulgação de documentos ou conteúdos de decisões reservadas apenas à direcção do partido, particularmente nas redes sociais, que, geralmente, mais do que atingir pessoas tendencialmente visadas, prejudica o MPLA”, referiu o dirigente, quando citava os pressupostos a merecerem maior atenção do partido.

Bem que Paulo Cassoma poderia reconhecer que, afinal, os membros e simpatizantes do MPLA estão apenas a praticar o que lhes foi ensinado (vejam-se as aulas de “educação patriótica”) durante décadas. O partido anda desde 1975 a fazer tudo para formatar a mente dos angolanos de modo a que não consigam pensar pela própria cabeça. Falharam. Cada vez há mais angolanos que se recusam a ser autómatos do MPLA. Por isso, semearam ventos e têm mesmo de colher tempestades.

Paulo Cassoma considerou ainda importante a coesão no seio do partido, para que possa reforçar a sua unidade de acção e de pensamento, para o cumprimento dos seus objectivos estratégicos. Ou seja, para que se possa continuar a tese de que Angola é o MPLA e o MPLA é Angola.

“É imperativo fortalecer e capacitar internamente o nosso partido, melhorando o nosso desempenho, a nossa postura, os métodos e o nosso ambiente interno de trabalho, para sermos verdadeiramente decisivos, enquanto mola impulsionadora que somos no desenvolvimento de Angola e dos processos de transformação que o país vive”, acrescentou Paulo Cassoma.

O mais exímio vendedor de banha da cobra não diria melhor. Paulo Cassoma esquece-se, contudo, que já não basta propagandear – como antigamente – as teses de que sem o MPLA Angola acabaria. Hoje, e cada vez mais, os angolanos sabem que isso é mentira, que com o MPLA o nosso país passou a ser um dos mais corruptos mundo, passou a liderar o ranking mundial da mortalidade infantil, passou a ter 20 milhões de pobres.

No final do encontro, o secretário para a Informação do Bureau Político do MPLA, Norberto Garcia, disse à imprensa que foi analisado o plano de comunicação do partido, que se propõe a um sistema comunicacional central à base, com o objectivo de informar “oportunamente” aos seus militantes de “tudo aquilo que se passa no seio do partido”.

Digamos que é uma espécie de “educação patriótica”, eventualmente com alguns laivos de modernidade, mas que no essencial mantém todo o ADN do MPLA. Isto é, continua a ser um jacaré feroz, embora trajando um fato de jacaré vegetariano. Continua a funcionar como se fosse o partido único do país, mas com uma capa de defensor daquilo que nunca conseguiu que Angola fosse: uma democracia e um Estado de Direito.

“Estamos numa era em que as redes sociais estão numa velocidade inimaginável e nós entendemos que, por causa do facto de existir muita comunicação falsa, muita difamação, muita falta de responsabilidade até da parte de algumas pessoas, entendemos por bem criar um sistema comunicacional, que vá permitir, em primeira mão, às pessoas recorrerem aos nossos meios, para que a partir desses meios as pessoas possam ser informadas”, explicou Norberto Garcia.

Por outras palavras, o MPLA tudo vai fazer para mostrar ao mundo que, afinal, Angola não é um dos tais países mais corruptos do mundo, que não há mortalidade infantil e que os pobres que sobrevivem no país são só meia dúzia, havendo até dúvidas se não serão cidadãos de outros países que por cá estão apenas para denegrir a imagem o celestial MPLA.

Acrescentou Norberto Garcia que, por via desse plano, vão também passar as suas mensagens a toda a sociedade em geral, “para que não exista dúvida alguma sobre o que o MPLA está a fazer”.

“O MPLA está cada vez mais aberto, cada vez mais democratizado, coeso, unido e é isso que nós queremos, levar a cabo um trabalho que o partido saia sempre com a verdade”, afirmou.

Ao Povo resta por isso fazer o que sempre tem feito, há 16 anos de forma pacífica. Esperar (de barriga vazia) para ver.

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2 Thoughts to “De vitória em vitória que a derrota está aí na esquina”

  1. movimento Bhota

    O amor ao próximo é o mesmo que não deixeis de ser loucos, o amor é a gasolina!”enquanto andais cegos não vereis a verdade!

  2. Jose Gomes

    Este é um jornal que diz a verdade.que pena! dificilmente, chega nas províncias!.
    Na

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