Sempre em queda, kwanza desvalorizou 37% em 2018

O kwanza sofreu na terça-feira a primeira desvalorização face ao euro em Julho, acumulando uma perda de quase 37% desde a aplicação do regime flutuante cambial, em Janeiro, com taxas de câmbio formadas nos leilões de divisas.

Esta desvalorização, que foi mais acentuada em Janeiro, tendo descido para Fevereiro para um ritmo de quase 1% por semana, foi confirmada com cálculos feitos a partir das taxas cambiais oficiais do Banco Nacional de Angola (BNA), de 1 de Janeiro e de 4 de Julho.

Hoje, a taxa de câmbio média do euro cifra-se nos 293,4 kwanzas, quando a 1 de Janeiro era de 185,40 kwanzas, o que representa uma desvalorização de praticamente 36,8% no espaço de meio ano.

Já o dólar norte-americano é hoje cotado à taxa média de 251,7 kwanzas, quando a 1 de Janeiro valia 165,92 kwanzas, uma depreciação, neste caso, de 34%.

A actual taxa de câmbio oficial foi formada após o último leilão de divisas, realizado na terça-feira, conforme informação do BNA, permitindo a colocação de 30 milhões de euros, para cobertura de operações privadas, como viagens, apoio familiar, saúde, propinas escolares e salários.

O governador do BNA admitiu recentemente que a opção por um regime de câmbio flutuante “não traz apenas boas notícias” e “exige também alguns sacrifícios, quer a nível empresarial, quer a nível pessoal”.

“Teremos o mercado a ditar o equilíbrio do preço da moeda, mas o mercado também tem as suas imperfeições e poderemos ter uma pressão sobre a moeda, por exemplo, por assimetria de informação entre os agentes económicos, por percepção menos assertiva de decisões de política ou até mesmo por sentimento de menor confiança na economia”, alertou José de Lima Massano, a 29 de Junho.

Neste último leilão, em que contribuíram para o apuramento da taxa de câmbio as propostas de 24 bancos participantes – no âmbito do novo regime flutuante cambial, iniciado a 9 de Janeiro -, o euro passou a valer (na compra pelos clientes) 293,417 kwanzas, correspondente a uma depreciação de 1,45% da moeda angolana.

No leilão de divisas realizado na terça-feira, o 29º do género em 2018, voltaram a ser aplicadas as regras anunciadas no final de Janeiro pelo governador do BNA, José de Lima Massano, alterando os limites das propostas que podiam ser apresentadas pelos bancos, que depois são utilizadas para formar a taxa de câmbio do kwanza face ao euro.

A 18 de Janeiro, um outro leilão ao abrigo deste modelo – em que os bancos apresentam propostas de compra de divisas em kwanzas – foi suspenso pelo BNA, por as propostas terem ultrapassado o limite máximo (da cotação) definido pelo banco central para estas vendas, acima dos 300 kwanzas por cada euro.

Na reacção, o BNA convocou os bancos comerciais para uma reunião, no dia seguinte, e revelou os novos contornos do modelo de leilão de divisas (euros), em que as propostas da “margem máxima” sobre a taxa de referência – ou seja o valor que os bancos podem colocar como apreciação ou depreciação da taxa de câmbio -, “não pode ser superior nem inferior a 2%”.

“Significa que em qualquer um dos leilões, a variação máxima que poderá acontecer será de 2%, não mais, não menos”, avançou o governador do BNA, no final daquela reunião.

No modelo cambial anterior, até 9 de Janeiro, a cotação era fixada directamente pelo BNA, com o kwanza indexado ao dólar norte-americano, mas passou então a ter moeda europeia como referência para o mercado nacional.

Lusa

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