ANGOLA. Os funcionários públicos de Cabinda iniciam terça-feira uma greve geral por tempo indeterminado, em protesto pela falta de salários, há quatro meses, dos 800 trabalhadores suspensos pelo Ministério das Finanças, revelou fonte sindical.
A decisão foi transmitida pelo presidente da União dos Sindicatos de Cabinda (USCA), Manuel Guilherme Tati, referindo que a medida, aprovada terça-feira em assembleia-geral extraordinária, consta de uma declaração de greve de 6 de Junho, devido, alega, ao “martírio a que estão submetidos os funcionários”.
“A greve está convocada por razões óbvias. Sabemos que foram retirados da folha salarial da função pública a nível do país mais de 64.000 funcionários e nós em Cabinda, de forma singular, estamos com cerca de 800 funcionários dos 1.775 funcionários inicialmente abrangidos”, disse.
O Ministério das Finanças de Angola decidiu suspender, em Abril, os salários de mais de 64.000 funcionários públicos por alegada dupla “efectividade e falta de documentos”, medida que tem sido fortemente contestada por sindicatos e trabalhadores. Cerca de 20.000 funcionários foram mesmo desactivados definitivamente pelo Ministério das Finanças.
De acordo com o presidente da USCA, a medida das autoridades angolanas originou em Cabinda uma greve que abrangia três fases, cuja primeira paralisação durou uma semana, tendo a segunda sido suspensa devido a um memorando de entendimento, que o dirigente sindical classifica como “improdutivo”.
“Infelizmente, este memorando foi improdutivo no sentido de que uma das clausulas fazia menção sobre o diálogo permanente e ter os dados da reinserção dos funcionários de forma semanal. Desde 14 de Junho que assinamos esse memorando e até à presente data não tivemos qualquer dado da outra parte”, disse o sindicalista.
Por esse motivo, adiantou, foi necessário convocar a terceira assembleia-geral, durante a qual foi deliberado “impugnar o memorando e avançar-se para a greve ininterrupta a partir do dia 24 de Julho a partir das 07:00”.
“Porque o assunto é grave e estão em causa numerosas famílias sem o seu sustento. Queremos o fim desse martírio”, assumiu Manuel Guilherme Tati.
Lusa