Artigo de Francisco Luemba: À primeira vista, parecia-me não ter nada a dizer de Willian Tonet. Na verdade, apenas nos encontrámos duas ou três vezes, entre 2002 e 2014, salvo erro, em actividades da sociedade civil. Para além das saudações de praxe, pouco mais havia para se dizer, por falta de tempo e por o ambiente não ser propício a conversas demoradas e profundas.
Por Francisco Luemba
Mas o que parece nem sempre é. A verdade é que, dum modo geral, todos nós podemos ter duas ou três coisas a dizer das pessoas públicas. Isso já era possível antes do aparecimento das redes sociais; tornou-se ainda mais evidente depois.
Por isso, mesmo sem ter privado (muito) com William Tonet, posso fazer um testemunho a partir daquilo que (todos) ouvimos e sabemos da sua vida nas suas três facetas principais: o homem (cidadão angolano e chefe de família) do seu tempo, o jornalista e o jurista (advogado e docente).
William Tonet é um cidadão consciente e engajado (comprometido), interessado pela promoção das causas justas e nobres. É neste contexto que apareceu, há cerca de uma década e meia, como presidente do AMC (Amplo Movimento de Cidadãos) cuja acção, infelizmente, foi efémera ou pouco divulgada. Mas teve a sua importância e o seu papel na idealização duma sociedade aberta e livre, consciente da sua missão e das suas responsabilidades na construção da democracia e duma sociedade mais justa, mais segura e mais equilibrada.
Por detrás destas ideias ou, melhor ainda, desses ideais, podemos ver, em filigrana, o rosto de William Tonet como bandeira e como manifesto, numa perfeita simbiose ou identidade.
E este é um daqueles combates em que as pessoas se lançam por amor: amor ao seu país, ao seu povo, à sua família, mas também a si mesmos. Esse amor que leva as pessoas a lutarem pela liberdade, a dignidade, a justiça e a igualdade para que o seu país conte entre os países livres e democráticos do mundo; o seu povo tenha a vontade e a capacidade de realizar as suas aspirações, de buscar a felicidade e construir uma sociedade igualitária, em que cada homem e cada mulher tenha as oportunidades com que sonha para viver em paz e na igualdade de direitos e deveres com os seus compatriotas, na fraternidade e na solidariedade, prosseguindo, realizando e promovendo o bem comum; as famílias vivam em harmonia, aceitando-se e ajudando-se mutuamente na construção do bem e no combate ao mal.
Mas esse Homem é também o conhecido e prestigiado jornalista William Tonet que, contra ventos e marés, se mantém à barra do «Folha 8», como uma espécie de sobrevivente de renhidos e persistentes combates, com bombardeamentos, emboscadas, naufrágios, ataques terroristas… Vai perdendo muitos bens, muitos recursos, quiçá, companheiros de armas e parceiros; materialmente, tudo se vai tornando mais difícil, um tanto precário, insuficiente e instável; mas mantém-se firme na defesa dos valores em que acredita e pelos quais trabalha e vive: a liberdade de expressão, os direitos e liberdades constitucionais (ou fundamentais), a dignidade, a honra, a liberdade de informação, etc.
A luta contra o cerceamento das liberdades e as derivas ditatoriais, a corrupção, a manipulação, o desvio sistemático de fundos públicos, o despesismo das receitas públicas, a má gestão, enfim, são alguns dos muitos combates de William Tonet.
Praticamente, nada sei da trajectória ou carreira jornalística de William Tonet no passado, quer ao serviço da TPA (Televisão Popular de Angola), quer como correspondente de agências ou rádios estrangeiras. Como jornalista, vejo (e conheço) o William Tonet apenas como o homem-orquestra do Folha 8. Durante muito tempo, parecia-me isolado (mesmo não o estando, pois que tem numerosos e, certamente, fiéis, competentes e dedicados colaboradores). Não sei porquê, sempre o vi assim representado na minha mente ou na minha memória. Hoje, apresenta-se secundado pelo nosso grande amigo e excelente jornalista Orlando Castro.
Assim é, para mim, o jornalista William Tonet: um jornalista comprometido e, necessariamente consciente do seu dever, da sua missão e das suas responsabilidades; um homem que luta para manter viva a chama dum jornalismo livre e independente, que ao mesmo tempo preserve e garanta o direito dos angolanos à informação; um homem que luta por uma verdadeira liberdade de expressão, que lhe permita exprimir as suas ideias e opiniões; de prosseguir e divulgar a sua verdade, a verdade duma informação séria e real, não manipulada nem distorcida; um jornalista, enfim, que, como director do jornal Folha 8, luta, contra ventos e marés, para que o seu semanário continue a aparecer regular e pontualmente, com o mesmo rosto de liberdade e a mesma preocupação pela verdade.
E William Tonet, sem abandonar o jornalismo, aliou a este o direito: fez-se jurista e tornou-se advogado e docente de direito.
É claro que, como jurista e advogado, as suas bandeiras e prioridades do jornalismo tornaram-se também nos seus principais objectivos na luta pela (realização da) justiça.
Em primeiro lugar, visando uma justiça realmente independente, em que os seus principais operadores, os juízes, sejam realmente livres e independentes, e tenham apenas como referências e limites a Constituição, as Leis e os Princípios Gerais do Direito.
Natural e consequentemente, uma justiça livre de pressões e subtraída ao domínio de «ordens superiores» susceptíveis de tornarem sagrados, intocáveis e invioláveis os interesses dum punhado de privilegiados. Essa justiça (independente e isenta), ao serviço dos cidadãos, é aquela que William Tonet quis e quer servir. Servindo a justiça como advogado, quer também praticar o Direito, ao mesmo tempo, ensinando- e vivendo-o, divulgando-o e promovendo-o como docente universitário.
William Tonet estará necessariamente comprometido na luta pela Democracia e o Estado de Direito; pela igualdade dos cidadãos e a separação dos poderes ou funções do Estado; pelo respeito dos Direitos Humanos, das Leis e dos Bens Públicos. Daí advém, necessariamente, o imperativo da luta contra a corrupção, a impunidade, o desvio dos bens públicos, em prol da prestação de contas (da responsabilidade política), da limitação dos mandatos presidenciais, do império da lei, da igualdade e da liberdade, etc..
São, pois, estas, na minha visão e na minha opinião, as três facetas da vida de William Tonet e as suas prioridades e objectivos que, na medida do possível, se harmonizam e se completam, reflectindo, ao mesmo tempo, quaisquer outras dimensões que possamos ou queiramos realçar: o cidadão, o político, o intelectual, o homem do seu tempo e da sua sociedade.
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