A UNITA recusou hoje conceder à televisão do MPLA uma entrevista com Isaías Samakuva, principal candidato do partido às eleições de 23 de Agosto, e vai prescindir da cobertura da TPA no resto das suas acções de campanha. Fez muito bem. Ser maltratado e aceitar umas migalhas seria beneficiar um infractor que, desde sempre, é um órgão de propaganda do regime.
Em declarações à agência Lusa o mandatário de campanha da UNITA, Estêvão José Pedro Katchiungo, considerou que a TPA não está a dar um tratamento igual às forças políticas envolvidas em campanha eleitoral, algo que, acusou, “viola os princípios éticos, o código de conduta dos jornalistas e a lei eleitoral”.
A UNITA, tal como os restantes partidos concorrentes, sabe que a TPA é um mero instrumento de propaganda do MPLA. Contudo, falar de princípios éticos e de deontologia jornalística num bordel que só serve para branquear os crimes cometidos pelo regime é errado. Aquela sarjeta do regime, tal como a RNA e o Jornal de Angola, são tudo menos órgãos de comunicação social. Daí não ser correcto misturar jornalistas com prostitutos.
“Isto está a tomar contornos de crime (…) É escandalosamente desproporcional o tempo e o destaque dado pelos órgãos de comunicação social estatais” ao candidato do MPLA, João Lourenço, em detrimento dos restantes cabeças de lista, considerou o responsável da UNITA.
Seria um escândalo se a TPA fosse um órgão do Estado e, portanto de Angola. Mas como é um órgão do MPLA, até se compreende que tudo faça para agradar ao patrão. Numa democracia e num Estado de Direito tal não seria permitido, mas como Angola não é nada disso…
Numa carta enviada hoje ao Conselho de Administração da TPA (Comité Central do MPLA), o mandatário da UNITA formalizou a recusa da UNITA em conceder à televisão uma entrevista com o seu presidente, Isaías Samakuva.
Estêvão José Pedro Katchiungo considerou na missiva “não ser de interesse público o expediente alternativo das entrevistas individuais (…) pelo que declinamos o convite que nos foi formulado para uma entrevista ao candidato da UNITA para o próximo dia 14 de Agosto”.
O convite para uma entrevista tinha partido da Televisão Pública do MPLA (TPA) e surge integrado num conjunto de conversas individuais com os cabeças-de-lista dos partidos que disputam as eleições gerais do final do mês, expediente bacoco usado para mascarar o servilismo e vassalagem dos acólitos da TPA ao MPLA.
Para a UNITA, à medida que avança a campanha para as eleições gerais de 23 de Agosto a TPA tem vindo a converter-se “numa autêntica máquina de propaganda político-partidária que utiliza o património público e os seus espaços privilegiados para publicitar a plataforma político-eleitoral do partido MPLA e do seu cabeça de lista”, João Lourenço.
Embora seja verdade, não é novidade. Há 42 aos que a TPA desempenha este papel de criada para todos os serviços determinados por quem é o seu dono. Sempre ao serviço do MPLA, durante os últimos 38 anos bajulou sem limites o seu patrono, José Eduardo dos Santos. Agora virou-se para o seu delfim, João Lourenço.
Por isso mesmo, disse o mandatário do Galo Negro, a UNITA vai “prescindir da cobertura da TPA nas restantes acções de campanha”. Até que enfim… “Convidamos a TPA a não estar presente”, sintetizou Estêvão José Pedro Katchiungo.
Por outro lado, o mandatário da UNITA insiste na proposta do seu partido de um “debate público” na televisão entre o candidato Isaías Samakuva e o candidato do MPLA, João Lourenço, algo que ainda não teve resposta. Pudera!
“A vontade do eleitorado é ouvir os candidatos a defender os seus programas. Esta proposta até deveria ter partido da TPA, mas tivemos de ser nós a lançar o desafio”, concluiu.
Recorde-se que também Abel Epalanga Chivukuvuku, líder da CASA-CE fez o mesmo desafio.
Folha 8 com Lusa
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