José Eduardo dos Santos não admite, tanto em Angola como em Cabinda, que alguém pense de forma diferente. São cada vez menos (mais vale poucos e bons…) os que resistem à Oferta (mais ou menos) Pública de Aquisição (OPA) levada a cabo pelo regime colonial angolano. Portugal não é excepção.
Por Orlando Castro
Bons exemplos, mas pouco eficazes, são a Amnistia Internacional e a Human Rigths Watch que, por regra comprovada no terreno, alertam os governos ditos civilizados (esses sim já rendidos à OPA) que as autoridades coloniais angolanas continuam a prender sem culpa formada e obviamente apenas por delito de opinião, os defensores dos Direitos Humanos.
Francisco Luemba, um proeminente advogado e antigo membro da extinta organização dos Direitos Humanos Mpalabanda, foi detido no dia 17 de Janeiro de 2010 (data que importa recordar ou, pelo menos, não esquecer) e acusado de crimes contra o Estado, em conexão com a publicação em 2008 do livro “O Problema de Cabinda Exposto e Assumido à Luz do Direito e da Justiça” que as autoridades ocupantes alegaram incitar à violência e rebeldia.
Esteve onze meses detido. Por nada se ter provado contra ele, saiu em liberdade. Mas tempos depois voltou a ser detido. Num dos casos, no suposto uso dos seus direitos, queria embarcar rumo a Lisboa para tratamento médico às muitas sequelas resultantes do cativeiro em condições execráveis.
Permitam-me recordar, com cada vez maior orgulho, a honra que tive em ser o autor do prefácio desse livro de Francisco Luemba.
Curiosamente, os jornalistas de uma forma geral, os portugueses em particular, têm dificuldade em falar da situação e Cabinda, tal como tiveram em relação ao livro de Francisco Luemba, apesar de editado em Portugal e ter tido duas apresentações públicas, uma em Lisboa e outra no Porto.
Tal como têm dificuldade em falar da ocupação colonial levada a cabo por Angola. Falam com mias facilidade do Tibete. Compreende-se. A culpa não é dos jornalistas. A culpa é dos donos dos jornalistas e dos donos dos donos que já aceitaram a OPA do regime angolano.
Refira-se que este livro de Francisco Luemba é uma completa enciclopédia sobre Cabinda, território que ontem foi protectorado português, que hoje é uma colónia de Angola, mas que um dia será um país.
Do ponto de vista histórico, documental e científico o livro de Francisco Luemba é a melhor obra que até hoje li sobre Cabinda.
Espero, por isso, que tanto os ilustres cérebros que vagueiam nos areópagos da política portuguesa como os que se passeiam nos da política angolana, o leiam com a atenção de quem – no mínimo – sabe que os cabindas existem e merecem respeito.
Verdade é que o governo angolano continua a impor em Cabinda a mesma regra que o seu congénere portuguesa impunha em Angola antes do 25 de Abril de 1974: prender todos aqueles que fossem contra as injustiças do regime.
É claro que as autoridades angolanas aproveitaram na altura o incidente com a equipa de futebol do Togo para tentar arrasar, de uma vez por todas, aqueles que em Cabinda (e não só) entendem que devem lutar pacificamente pela sua causa.
Relembre-se que, no dia 26 de Janeiro de 2010, em Bruxelas, o padre Casimiro Congo disse algo que define sublimemente os cabindas e que as autoridades angolanas nunca deverão esquecer: “Diante de Deus, de joelhos; diante dos homens, de pé”.
Jorge Casimiro Congo lamentou também a posição do Governo português de então (a mesma foi seguida por todos os outros até hoje) de condenar apenas o que classificou como um ataque terrorista durante a Taça das Nações Africanas (CAN), afirmando que “Portugal é o ultimo a falar, não deve ser o primeiro a falar”.
E Porquê? Por que “Portugal é que é o culpado do que acontece em Cabinda. Não nos aceitou, traiu-nos”.
Se todos os jornalistas e fazedores de opinião tivessem a coragem como a de Orlando Castro em Falar e difundir a verdade, os lobos do regime hediondo de Angola não teriam covil. Mas, infelizmente, os jornalistas angolanos e não só, continuam manipulando as consciências das pessoas, fazendo-lhes acreditar o falso, em detrimento do verdadeiro. Sobre Cabinda, não há nada que não tenha fim, Cabinda um dia será livre. Um dia, alguém há-de colocar PONTO FINAL nesta instrumentalização das consciências e a verdade será conhecida. Conhecendo a verdade a libertação de Cabinda será um facto.
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