GUINÉ EQUATORIAL. Um partido da oposição na Guiné Equatorial criticou hoje a decisão do Governo de acolher, no exílio, o antigo Presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, que deixou o país neste fim-de-semana, depois de 22 anos no poder.
O secretário-geral do partido Convergência para a Social-Democracia, Andrés Esono Ondo, responsabilizou hoje o Presidente equato-guineense, Teodoro Obiang Nguema, por “aquilo que possa acontecer” em resultado da permanência de Jammeh na Guiné Equatorial.
Esta posição foi transmitida hoje, numa mensagem por correio electrónico, depois de, no fim-de-semana, grupos da oposição terem defendido que receber o ex-líder gambiano é acolher “o lixo de África”.
O Governo de Obiang ainda não fez comentários sobre a eventual presença na Guiné Equatorial.
Jammeh perdeu as eleições presidenciais, em Dezembro passado, mas recusou sair do poder, na sexta-feira passada, o que obrigou o seu sucessor, Adama Barrow, a tomar posse no Senegal.
Jammeh, que esteve 22 anos no poder, a que acedeu através de um golpe de Estado, propôs-se a abandonar a presidência do país logo após a vitória eleitoral do adversário, Adama Barrow, mas depois mudou de ideias.
Inicialmente, aceitou a derrota no escrutínio de 1 de Dezembro e felicitou publicamente o vencedor, Adama Barrow, candidato da oposição coligada, mas depois viria a ordenar ao exército que invadisse a sede da comissão eleitoral e contestando os resultados eleitorais junto do Supremo Tribunal.
Na sexta-feira passada, Adama Barrow assumiu o cargo numa cerimónia na embaixada gambiana no vizinho Senegal, depois de, à meia-noite de quinta-feira, ter terminado o mandato de Jammeh.
Tropas do Senegal e de outros países da África Ocidental posicionaram-se então nas fronteiras da Gâmbia (um enclave no território do Senegal com acesso ao oceano Atlântico) com a intenção de forçar o Presidente cessante a ceder o poder, mas a saída de Jammeh do país, no sábado, pôs fim à crise política.
A Guiné Equatorial é membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).