O Caso do Estado Islâmico é um “processo político com carácter de perseguição religiosa do islamismo em Angola” dizem os réus que são acusados pelo Ministério Público de organização terrorista.
N uma carta intitulada “A tese da nossa defesa”, assinada por Ahmed Nlandu José (porta-voz do grupo), dizem que “não tem ligação com Estado Islâmico”. Cinco dos suspeitos estão em prisão preventiva desde Dezembro de 2016.
Eis, na íntegra, o texto da carta agora divulgada:
“O Estado Angolano, através das suas instituições continuam hostis contra o Islão e os Muçulmanos, e o Ministério Público apenas vem corroborar a praxe das mesmas na sua cruzada contra o Islão.
O Ministério Público não tem razões para nos manter detidos, durante 6 meses encarcerados nas imundas solitárias, sem podermos andar e nos entregar na companhia dos insectos e cheiro nauseabundo apenas por sermos Muçulmanos.
As acusações do MP não passam de fabricações para justificar o injustificável.
É muita arrogância do MP acusar-nos de atrair e recrutar angolanos e brasileiros para combaterem na Síria e no Iraque, depois de termos recebido uma formação na Mesquita do Palanca!
Isso faria daquela Mesquita um centro de formação de Jihadistas. Então, onde estão os tais formadores?! E quais angolanos e brasileiros que foram por atraídos e recrutados para combaterem nas fileiras do EI? Tanta falsidade quanta mentira!
Nunca prestei, eu Ahmed Nlandu José, ou nós no grupo, juramento algum de fidelidade a Abubakr Al Baghdadi e em momento algum afirmei isso nos meus depoimentos, mesmo sob ameaças de morte e interrogatórios naquela sala militarizada com comandos altamente armados a menos de 1 metro, privados de advogados.
E povo angolano não fique pasmado com as alegações do MP. Trata-se apenas de conspiração e perseguição religiosa. Há muito que isso é sabido.
Não sou fundador nem co-fundador nem mesmo membro de qualquer grupo denominado STREET DAWAS que tenha sido criado no início, ou em meados ou mesmo em finais de 2015. Pura falsidade.
Desconhecemos totalmente a existência em Angola de qualquer grupo com esta denominação que publica e dissemina matérias e temas de cariz radical, nem nas ruas e nem mesmo nas redes sociais, excepto de um grupo denominado PREDICAR ANGOLA que existe desde 2013, único que conheço que até à presente data leva a mensagem do Islão quer nas ruas, através de ofertas de livros com teor meramente religioso, quer nas redes sociais através da nossa página no Facebook com a denominação deste mesmo grupo – PREDICAR ANGOLA, o único do qual faço parte desde 2013 com outros membros como: Adam Campos, Ismael Campos, Domingos da Silva e Eduardo Luther Mustafa.
Desde a sua existência jamais publicamos matérias políticas nem tão pouco existe ligação com o Estado Islâmico e nunca os seus membros juraram fidelidade a líder do EI.
Todas as nossas publicações estão na nossa página do Facebook e convido a todos os angolanos a acessarem-na para verificarem o teor dos nossos conteúdos.”