Os estudantes angolanos na Federação da Rússia enfrentam há muito tempo uma situação de sobrevivência que consideram “deplorável”. Os seus apelos públicos caem em saco roto. Por isso, com esperanças renovadas, escrevem agora uma carta aberta ao Presidente da República, João Lourenço.
Eis o conteúdo dessa carta aberta com o assunto: S.O.S. sobre situação deplorável dos Estudantes na Federação da Rússia.
“Senhor Presidente da República,
Antes de mais, endereçamos cordiais saudações pela espinhosa missão, que doravante, tem de dirigir os destinos de Angola e dos Angolanos.
Senhor Presidente,
Somos humildes estudantes Angolanos, filhos de pobres, mas honrados cidadãos, actualmente, a estudar, por conta própria, o ensino superior, na Federação Russa, (República Bashkortostan), que há mais de dois anos, estão a viver uma deplorável e humilhante condição humana, face ao incumprimento dos bancos comerciais, no cumprimento dos compromissos assumidos de transferência mensal;
Senhor Presidente,
Saímos de Angola com o propósito de concluir o ensino superior, e retornar ao país, para dar o nosso contributo em diversas áreas da sociedade, mas, de uns tempos para cá, temos sentido o sonho e desejo em declínio total, pelas dificuldades que nos são impostas por terceiros;
Senhor Presidente,
Temos sentido às apostas feitas, pelo Executivo, para corrigir o que esta mal e melhorar o que está bem (slogan de campanha do MPLA), que tem motivado muitos jovens e cidadãos pela ousadia e pragmatismo;
Senhor Presidente da República,
Estamos a viver uma situação de mendigos e indigência, que em primeira instância não dignifica Angola e as suas instituições, pelos percalços causados pela banca comercial, cada vez mais insensível e indiferente ao sofrimento de cidadãos angolanos, que não estão a estender a mão a caridade, pedindo esmola, mas a solicitar um direito… Essa situação tem levado muitos a regressar de forma abrupta, alguns a serem compulsivamente expulsos, outros em vias, das universidades, residências e sistemas de seguro, por inadimplência, sendo a maioria, estudantes do segundo ao quarto ano, que tiveram os seus sonhos arruinados, tudo porque os nossos encarregados de educação são obrigados a adquirir divisas nas ruas do país a um valor extremamente elevado, porque nos bancos comerciais, não consegue obter divisas, transferências, carregamento dos cartões VISA, emissões de novos cartões, no âmbito legal de ajuda familiar, pese os competentes comprovativos;
Senhor Presidente,
Neste momento, muitos estão, novamente em vias de expulsão, apesar dos grandes esforços feitos pelos nossos encarregados de educação, chegando ao extremo de não termos o que comer, pagar a universidade, o seguro de saúde, que é obrigatório, a renovação do visto anual, o arrendamento das casas e outras contas, porque, quando esporadicamente os nossos pais e encarregados de educação conseguem, uma transferência ela ocorre, três ou seis meses depois da solicitação comprovada documentalmente;
Senhor Presidente,
Solicitamos formalmente ajuda a Embaixada Angolana em Moscovo, sector de apoio aos estudantes visando dialogar, para encontrar uma solução, mas não tivemos nenhuma resposta (silêncio total) até ao dia de hoje (que escrevemos), com lágrimas nos olhos, não tendo o que comer e vendo amigos, irmãos, compatriotas, voltarem a casa, muitos sem dinheiro, para o bilhete de passagem, parta o regresso, após expulsão da universidade;
Senhor Presidente,
O suposto suporte no exterior: a embaixada não atende, as nossas ligações, barram-nos na recepção, alegando estarem (sempre) reunidos ou fora da embaixada e não atendem os telemóveis. Assim, onde mais, poderemos pedir socorro?
Senhor Presidente,
Será que estudantes de conta própria não são considerados Angolanos(?), uma vez, o sector estudantil só atender os estudantes do INAGB, deixando-nos entregue a uma má sorte, por ausência de interlocutor…
Senhor Presidente,
Escute o nosso clamor, os nossos gritos de aflição, a nossa chamada de socorro, por apenas queremos acabar a formação académica, para darmos, no regresso, o devido contributo no desenvolvimento da pátria amada. E, isso não é pedir ou sonhar muito alto, enquanto filhos de pessoas humildes, mas honestas e que muito fazem para nos manter aqui, honrando as instituições de Angola, pese estas nos virarem as costas;
Senhor Presidente,
Temos conhecimento das dificuldades económica e financeira do país, mas também da discriminação dos bancos comerciais e Banco Nacional de Angola, ao apoio familiar, sendo mais fácil transferir, verbas financeiras mensais, para os filhos, de quem tem status político e apelido, localizados no Ocidente e Estados Unidos, que aos filhos dos pobres, que sem apoio público, tentam uma formação académica superior, para os seus filhos, com meios próprios;
Senhor Presidente,
Por isso e através desta via, por outra não termos, solicitamos a sábia intervenção de Vossa Excelência, com base nas competências conferidas pela Constituição e sensibilidade, como pai, para orientar o Banco Nacional de Angola e por via disso, os bancos comerciais, a transferirem com regularidade, as tranches mensais de ajuda familiar e estudantil, colocando um fim, a discriminação e minimizando a deplorável situação que se encontram centenas de estudantes, que querem ver o país como uma das grandes nações, a nível mundial e, que por amor a Pátria, têm suportado muitos sofrimentos;
Senhor Presidente,
Acreditamos, ainda que ingenuamente, que o Senhor ou alguém próximo terá contacto com este nosso GRITO de socorro e, no pedestal da sua magistratura, encontre uma solução a contendo das partes, para limpar a imagem e o bom nome da República de Angola e do novo ciclo que está a viver e que acalenta esperança a muitos angolanos;
Senhor Presidente,
Ciente da Vossa melhor atenção e compreensão, aceite, Sua Excelência Presidente da República, a humildade da nossa cordial saudação e esperança em puder resolver esta dramática situação, que nos leva a orar por si, pedindo a Deus que ilumine o seu caminho.”