ANGOLA. Severiano Tchinda, de 31 anos de idade, foi detido na cidade do Menongue, Kuando Kubango, depois de na madrugada do dia 17-04-2017, ter cortado a cabeça de duas jovens.
Por Idalina Diavita
No acto de detenção, não ofereceu resistência às autoridades e nas primeiras reacções não se mostrou arrependido pelo cometimento de tão hediondo acto de barbárie, ao ponto de evocar os costumes e o comportamento dos ancestrais que, segundo ele, ” os reis também viviam com as cabeças de pessoas dentro de casa”.
O Comandante Provincial da Polícia Nacional e Delegado do Ministério do Interior, no Kuando Kubango, Comissário Domingos Ferreira de Almeida, considera o acto de “um crime de natureza repulsiva e é o segundo acontecer em pouco mais de 30 dias”, destacando no entanto o esforço da Polícia Nacional, na circunscrição que dirige, de tudo fazer para conter a onda de criminalidade, que grassa um pouco por toda a província.
E esse esforço é já uma realidade, pois a captura em tempo célere deste alegado homicida denota a capacidade de acção dos agentes, na descoberta dos autores de actos ilícitos, como este da morte de duas jovens, por sinal primas, sem qualquer justificação plausível.
Conta uma testemunha que o alegado homicida “atacou” a primeira vitima ainda estava ela na companhia do namorado, que ao aperceber-se que o mesmo portava uma catana em riste, colocou-se em fuga.
Infelizmente a zona erma foi o palco escolhido para Tchinda cometer os assassinatos, pois depois perseguiu a outra vitima, prima, degolando-as e levando as cabeças para casa, pensando que isso o protegeria e traria riqueza pessoal.
Quando os cidadãos acordaram no dia seguinte foram confrontados com as marcas da violência, sangue, pertences pessoais e os corpos sem as respectivas cabeças e não queriam acreditar em tamanha brutalidade.
“As cabeças foram encontradas na residência do cidadão. O segundo caso ocorreu na madrugada do dia 17.04 e a investigação criminal não reduziu o esforço e seguindo os indicadores e pistas, chegou até ao autor”, explicou o comandante provincial da Polícia.
Severiano Tchinda não conseguiu arranjar subterfúgio, para a acção, apenas a justificou por ser contra a prostituição e elas faziam parte dessa profissão mais antiga, segundo ele, “matei no Bairro Paz junto á antena da Unitel, ao lado da igreja Bom-Deus, porque estavam a fazer prostituição e acompanhei o movimento e depois segui a vítima até ao local da morte”, confessou, explicando a guarda de partes do corpo das vítimas da seguinte forma: “Guardo as cabeças por causa da minha tradição, no passado os reis viviam com as cabeças das pessoas nas suas próprias casas. Se não fosse capturado pela Polícia, ficaria com as cabeças na minha casa, porque o dinheiro tem o símbolo da cabeça”.
Joana Malavoloneque, vizinha do acusado, denunciou que no ano passado (2016) mais precisamente no dia 4 de Abril, o assassino pretendia fazer o mesmo com a do seu pai. “Queria cortar a cabeça do meu pai mas como os rapazes chegaram a tempo, não conseguiu executar, mas os ferimentos no pai ainda continuam”, desabafou, adiantando que ao não ter conseguido o seu intento, acabou por violar, uma senhora.
No entanto, Maria da Conceição, outra vizinha, acredita estar o mesmo perturbado mentalmente, depois de abandonado pela mulher. “Ele não pode voltar mais, queríamos que acabassem com ele. Não é humano é um ser irracional. Não cumprimenta ninguém, as pessoas não lhe dão confiança. A fama dele de assassino é antiga. No bairro, ele passa a vida a lutar e bater os outros”, concluiu.