Quem for da oposição e viajar no Kuando Kubango está desde já avisado de que se for roubado, espancado ou sofrer um atentado deve ficar calado. Esta informação vem do governador Pedro Mutindi, pouco civilizado, que foi para lá destacado. Por isso tenham muita atenção com esta situação.
Por Domingos Kambunhji (*)
Ainda é necessário saber que quem não for militante do MPLA deve ficar mudo se o Governador o tratar por miúdo. O governador diz que a gente da oposição sempre mente. Isso não é novidade porque nesta sociedade do MPLA, com uma justiça social muito má, é normal chamarem mentiroso a quem diz a verdade sobre o estado lastimoso de um país que tem o recorde mundial de mortalidade infantil.
Dizem que o governador vai mais longe ao dizer que já perdeu a paciência com essa “miudagem”. É normal. É necessária inteligência e coragem para dialogar com a miudagem dos nossos dias, porque já vai à escola e aprendeu a ler, a escrever e a pensar, o que nunca foi exigido ao Pedro Mutindi quando foi nomeado para governar.
De acordo com o que se diz por aí, Pedro Mutindi, “o actual governador da província do Kuando Kubango, esteve envolvido na violação sistemática da Lei da Probidade Pública, enquanto exerceu a função de titular da pasta da Hotelaria e Turismo”.
Consta que um contrato, entre o fornecedor e o departamento ministerial por si então dirigido, assinado no início de 2014, a instituição governamental procedeu ao pagamento para a compra de 25 viaturas. Quando menos se esperava, do lote das 25 viaturas apenas foram entregues cinco, ficando em falta as restantes 20”…
Pedro “mentindi” recorre frequentemente à lengalenga habitual na cultura do MPLA para acusar a oposição: “cometeu crimes neste país, esteve a massacrar a população”.
O “mentindi”, como abandonou a escola muito cedo, para trabalhar na construção civil, não sabe ler a verdadeira História de Angola e acredita na formação patética do MPLA, a “Educação Patriótica”. É por isso que não sabe que o MPLA iniciou a guerra civil em Angola e saiu vencedor desse conflito, que provocou muitas centenas de milhar de vítimas mortais, porque matou muitíssimo mais.
O argumento, recorrente, do “mentindi” é que o MPLA perdoou os partidos da oposição. Porque razão? Por não lhe terem feito concorrência na corrupção?
Os leitores ficam assim avisados para terem todos os cuidados quando forem ao Kuando Kubando, província onde é governador um dos reis do kapiango, o Pedro Mutindi. Este tipo de seres é capaz de matar e depois avisar.
Recorde-se que o dirigente provincial da UNITA no Kuando Kubango, Adriano Sapiñala, afirmou ter sido alvo de uma tentativa de assassinato por parte de militantes e apoiantes do MPLA, cujo secretário provincial é Pedro Mutindi.
O também governador provincial do Kuando Kubango, respondeu que o secretário da UNITA – a quem chamou “miúdo” – está a propagar mentiras.
Mas, depois de se descalçar para contar até 12, foi mais longe ao dizer que “a UNITA sempre mente. Este tal delegado da UNITA que se ponha no seu devido lugar”. Pedro Mutindi acrescentou ainda. “A UNITA cometeu crimes neste país. Fomos nós que perdoámos. Agora se ele não tem apoiantes, não encontra pessoas, devido à sua fraqueza e à sua incoerência, e quer criar factos políticos e atribuí-los a um governante, nós não queremos perder tempo”.
O governador do Kuando Kubango vai mais longe, afirmando não ter “mais paciência para aturar essa miudagem”. “Ele passa pelo Kuito Kuanavale, onde naturalmente a UNITA esteve a massacrar a população, pode ter havido um indivíduo que atirou uma pedra. E é muito natural isso. Agora ele que vá atrás de quem atirou a pedra e não acuse o MPLA”, diz o ilustríssimo analfabeto e ditador de nula estatura moral Pedro Mutindi.
Estatura moral que pode ser aquilata quando, um ano após a sua nomeação (em 2008) como titular do Ministério da Hotelaria e Turismo contratou (sem a realização do concurso público) a empresa Mutanga Services, Lda, com sede no distrito das Ingombotas, em Luanda, – pertencente a um dos seus filhos (Tyilenga Mutindi) para prestar alguns serviços ao Ministério da Hotelaria e Turismo.
Pedro Mutindi abandonou cedo os seus estudos, durante o ensino secundário para trabalhar na construção, tanto em Angola como na Namíbia.
De 1973 a 1975, de regresso ao país, aliou-se à administração colonial portuguesa e exerceu a profissão de professor de ensino primário, função elogiada por Portugal. Em 1974, com 22 anos, iniciou a sua carreira política no MPLA, organização que desconhecia totalmente.
Desde então, passando para a sua relação com o MPLA a mesma estratégia que aprende com a administração colonial (bajulação e subserviência canina), ocupou diversos cargos: em 1977 foi nomeado membro do Comité Provincial do MPLA e participou na comissão preparatória do primeiro congresso do partido. Em 1978 foi nomeado comissário municipal de Kahama e um ano depois tornou-se comissário provincial do Cunene. Em 1980 foi eleito deputado e nomeado presidente da Assembleia Popular Provincial do Cunene; em 1984 foi eleito deputado da Assembleia do Povo; e um ano depois fez parte do Comité Central do MPLA.
Pedro Mutindi foi, de 1983 a 2008, quando passou para a Assembleia Nacional, governador da província do Cunene. Chegou depois a ministro da Hotelaria e Turismo. Hoje é o soba do Kuando Kubango.
Pedro Mutindi recebeu a Medalha do Trabalho, a Medalha da Amizade Angola-Cuba e a Medalha dos 50 Anos da Fundação do MPLA. Fica a faltar-lhe a medalha da ignorância elevada à 42ª potência neocolonial do MPLA.
(*) Com Orlando Castro
Ché só o título… Mas afinal tem quantos Zedú em Angola?