Não sendo a primeira vez, desde o final de 2015, alguns trabalhadores do maior grupo empresarial angolano apostado na imprensa, a Medianova, denunciaram “graves falhas que indicam uma prévia falência” do conglomerado.
Os trabalhadores reclamam salários em atraso por dois meses na maioria das empresas pertencentes ao grupo, realçando também a observação de indicações de despedimentos forçados, que estão a ser impulsionados pelo silêncio da entidade patronal, impondo assim o desespero financeiro no seio dos funcionários.
Os trabalhadores narraram que a alegada recente decadência da Medianova teve o seu princípio em Outubro de 2015, um mês cujos salários foram pagos a 15 de Novembro.
O grupo que tinha a reputação de pagar os seus trabalhadores nos finais dos dias 20 de cada mês, passou a oscilar financeiramente, atrasando o pagamento dos salários.
Diante da crise económica e financeira, que abala o país, reina o desespero e a frustração no seio dos trabalhadores da Medianova, que estão há dois meses sem salário, exceptuando os da TV Zimbo que receberam os seus ordenados a 15 de Junho.
A falta de satisfações por parte da entidade patronal preocupa e desmotiva mais o dia-a-dia dos trabalhadores da Medianova.
A Medianova, que segundo a enciclopédia livre da Internet, Wikipédia, tem como accionista principal o presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, é a “holding” proprietária de vários órgãos de comunicação social, como: a TV Zimbo, o jornal diário O País, e a Rádio Mais.
Segundo o portal Maka Angola, o consultor chefe do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do presidente da República, o general Leopoldino Fragoso do Nascimento (Dino), é bem conhecido em Angola como delfim e testa-de-ferro do presidente José Eduardo dos Santos, e é um dos accionistas do grupo Medianova.
“Com o seu percurso de general de gabinete, Leopoldino Fragoso do Nascimento é, certamente, o mais privilegiado dos oficiais das Forças Armadas Angolanas nos esquemas de corrupção e saque do património público, apenas superado pelo seu chefe e sócio, o general Kopelipa, que se tornou na figura mais poderosa de Angola, logo depois de José Eduardo dos Santos”, divulgou o Maka Angola.
Já o portal Club-k.net revelara que “a empresa em referência é uma sociedade privada na qual se inclui, o assessor presidencial, general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do presidente da República de Angola.
Actualmente, a Medianova tem como seu Presidente do Conselho de Administração (PCA), Filipe Correia de Sá, e o jornalista Luís Fernando como um dos administradores.
Luís Paulo Gomes, que ainda ostenta o cargo de Director do Gabinete de Documentação e Informação do Ministério da Comunicação Social, é o director da Rádio Mais, enquanto que, Zé Kaliengue dirige o jornal diário, O País, e Francisco Mendes dirige a TV Zimbo.
A TV Zimbo e O País estão localizados no bairro Talatona, enquanto a Rádio Mais encontra-se no Projecto Nova Vida, todos na capital, Luanda.
Ainda segundo a Wikipédia, para além dos órgãos mencionados, a Medianova também é proprietária da Revista Exame (título licenciado da Exame Brasil), a Socijornal, e o Semanário Económico. Este último, encerrou há um ano e pôs uma série de funcionários na rua, enquanto alguns foram integrados no jornal O País.
A enciclopédia revela que o Grupo Medianova tem a sua própria empresa de distribuição, a MN Distribuidora, e que a gráfica Damer Gráfica SA também pertence ao grupo, se bem que não está claro se em propriedade ou independente com os mesmos accionistas.
Adicionalmente, a Wikipédia afirma que a empresa de publicidades, Publivision, também pertence ao grupo Medianova.
O grupo tem como seus maiores clientes: a Sonangol, BPC e Angola Telecom.
Antecedentes da falência
O portal Club-k havia noticiado a 28 de Janeiro de 2010, que o grupo Medianova estava à beira da falência naquela altura, que havia instalado uma onda de pânico no seio dos trabalhadores.
A notícia reportava que de acordo com constatações na TV Zimbo, só na estação televisiva previa-se em 2010 a demissão de mais de 100 funcionários, entre produtores, realizadores, jornalistas, operadores de câmara, assistentes de reportagem, motoristas, relações públicas, entre outros. Na Central da Rádio Mais, previa-se a saída de um número considerado de funcionários de diversas áreas. No Semanário Económico, A Bola (edição Angola) e no então jornal semanário O País, tanto como nas revistas Vida, Chocolate e Exame também estimavam-se que seriam demitidos funcionários.
O jornal Semanário Económico faliu há um ano
O Club-k adiantou também que “o mesmo clima de pânico alastrou-se até à gráfica Damer, considerada por muitos como a maior da África Austral,” tendo um investimento de 35 milhões de dólares e inicialmente previa render 30 milhões de dólares por ano.
À nível de base, os trabalhadores da Medianova não têm outros benefícios remuneratórios, como: subsídios de transporte e saúde, etc., chegando a auferir apenas o salário básico.
Esta medida foi tomada antes de Janeiro de 2010, quando a empresa estava a enfrentar dificuldades financeiras e retirou os subsídios de alimentação e de transporte.
O portal revelou também que durante uma reunião com a (então?) directora de recursos humanos do grupo Medianova, Kenia Sundão, ocorrida em 2009, ficou acordado que os expatriados ficariam encarregados das suas próprias despesas, como alimentação, combustível e empregada doméstica.
A primeira onda de explosão aconteceu em 2009 e abrangeu tanto os funcionários da TV Zimbo, da Rádio Mais, como do Jornal O País. Em alguns casos, os mesmos, incluindo jornalistas dos dois jornais semanários, eram obrigados a irem fazer as suas reportagens com as suas viaturas pessoais.
Este ano, perante a crise, a frustração, a desmotivação, desespero e o medo de que a empresa caia em falência, um grupo de trabalhadores decidiu denunciar o silêncio da entidade empregadora.
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Atenção… de 2011 a 2013 a Media Nova pagava salários com subsídio de alimentação e tinhamos também direito a seguro de saúde.
Antes ou depois desta altura não posso comentar, porque só fui funcionário Media Nova nesta altura.