PORTUGAL. O presidente da Confederação Empresarial da CPLP, Salimo Abdula, defendeu hoje a produção e comercialização de produtos agrícolas com a marca da comunidade lusófona.
Na sessão de abertura do Agrofórum, a decorrer em Lisboa, Salimo Abdula questionou como é que só nos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) há “28 milhões de pessoas [10 por cento da população da comunidade] a passar fome e desnutrição crónica” quando nesses mesmos Estados há “terra em abundância, água em abundância e mão-de-obra jovem em abundância”.
“É preciso dotar os pequenos agricultores de recursos, tecnologia, informação e conhecimento para produzir com maior e melhor qualidade e associar esta produção ao comércio. Podemos produzir e comercializar com a marca CPLP”, disse, perante uma audiência de empresários ligados ao agronegócio de vários países, incluindo lusófonos.
Na mesma sessão, o presidente da Câmara Agrícola Lusófona, que organizou o evento, lembrou que na CPLP há 11 milhões de hectares de terra arável por explorar e sublinhou que não falta onde ir buscar financiamento.
A União Europeia, disse, passou a apoiar o sector privado com “mais de 44 biliões de euros que estavam alocados aos governos e às organizações não-governamentais”.
“Há um novo paradigma e é nossa responsabilidade aqui hoje aproveitá-lo”, afirmou.
Sublinhou que “o continente africano importa 36 biliões de produtos agro-alimentares” e que 60% das terras aráveis no mundo estão em África.
Também na sessão de abertura do Agrofórum, o ministro português da Agricultura, Capoulas Santos, considerou que o sector é “o maior desafio do século”.
“Existem condições de produção, solos, recursos, mas isso não impede que uma grande parte da comunidade internacional e da comunidade lusófona sofra as agruras da fome e da malnutrição”, afirmou.
Sublinhou que a agricultura portuguesa registou “um assinalável progresso” nos últimos anos, o que se deveu “sobretudo aos agricultores”.
Lembrou que esteve recentemente em Angola para relançar a cooperação agrícola bilateral e recordou que Portugal tem competências para ajudar Luanda a alcançar o objectivo de aumentar o auto-abastecimento alimentar.