ANGOLA. O antigo primeiro-ministro de Portugal, António Guterres, agradeceu esta quarta-feira, em Nova Iorque, o apoio de Angola à sua candidatura ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas, elogiando (é o preço a pagar pelo apoio) o papel do país no contexto internacional.
António Guterres, que foi igualmente alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, falava à rádio pública angolana, sobre o apoio de Angola, salientando que tem sido “um instrumento muito importante” para que tenha possibilidades de vencer.
“Gostaria de exprimir toda a minha gratidão e o meu apreço pelo que tem sido a posição do Presidente José Eduardo dos Santos, do Governo e povo de Angola, a solidariedade angolana tem calado muito fundo no meu coração”, referiu Guterres mostrando que, afinal, bajular é uma questão genética em (quase) todos os socialistas – e não só – portugueses.
Em Março, o Presidente angolano (que como Guterres bem sabe está no poder há 37 anos sem nunca ter sido nominalmente eleito) recebeu em audiência, em Luanda, o candidato português à sucessão de Ban Ki-moon.
“Agora compete aos Estados-membros, entre os quais Angola, decidir, mas não queria deixar de exprimir esta grande gratidão em relação à posição angolana, que calou muito fundo no meu coração”, realçou Guterres que, se for eleito, irá com certeza beijar a mão de sua majestade o rei de Angola, José Eduardo dos Santos.
Qual a razão deste jornal ofender continuamente os portugueses? Guterres não bajula nem bajulou o Presidente de Angola. Pediu-lhe apoio e ficou grato por isso. Só provou que é uma pessoa reconhecida e agradecida a quem o recebeu e tratou com elevação. Nem de outro modo, como pessoa educada, poderia proceder. Viva Angola. Viva Portugal.
Ser contra a hipocrisia dos políticos não é ser contra os portugueses. Angola não é o regime. Além disso, importa lembrar que, por cá, existem angolanos a morrer todos os dias, de fome, de doenças; que Angola é um dos países mais corruptos do mundo; que Angola é um dos países com piores práticas democráticas; que Angola é um país com enormes assimetrias sociais; que Angola é o país com o maior índice de mortalidade infantil do mundo.
Folha 8