Greve à vista no Porto do Lobito

Há dois meses sem salários, os funcionários do Porto do Lobito, em Benguela, garantem que se não forem feitos os pagamentos referentes a Outubro e Novembro até ao dia 10 do corrente mês irão paralisar os trabalhos naquela unidade portuária.

Depois de em Agosto do ano em curso ter ocorrido uma greve reivindicando quatro meses de salários em atraso, os mais de dois mil trabalhadores do Porto do Lobito estão prestes a fazer recurso novamente ao direito à greve nos termos do artigo 1.º da lei da greve (lei n.º 23/91).

Os funcionários do segundo maior porto do país têm vivido situações difíceis desde que Anapaz de Jesus Neto foi nomeado para Presidente do Conselho de Administração (PCA) da empresa pública adstrita ao ministério dos Transportes, segundo disseram alguns trabalhadores que contactaram o F8.

Perante as reclamações, o PCA reuniu com alguns responsáveis de sectores na manhã do dia 1 de Dezembro. No encontro, informaram os funcionários, Anapaz de Jesus “ameaçou que quem fizer barulho será expulso da empresa”. A reunião serviu apenas para “instalar o medo” nos trabalhadores.

Quanto aos salários em atraso, os funcionários desconfiam que o PCA pensa autorizar o pagamento somente do mês de Outubro. O mês de Novembro e Dezembro, presumem, talvez sejam pagos apenas em 2017.

“Mas nós estamos decididos que se não nos pagarem os dois meses até o dia 10 deste mês então vamos fazer a greve que consta do caderno reivindicativo que já demos entrada”, atestaram.

É pedida a intervenção do ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, para resolução do problema. Por “resolução do problema” os trabalhadores entendem que seja a exoneração do PCA.

“Um PCA que diz que quem fizer barulho vai se conotado, este não deve continuar aqui. Será que os chefes em Luanda não estão a ver isso?”, questionaram.

Outra irregularidade apontada é o incumprimento da promessa segundo a qual o dinheiro referente ao 13º mês seria pago em quatro prestações, que iniciaria a ser feito em Setembro. Até ao presente, nenhuma prestação foi realizada, quando os funcionários estariam neste momento aguardando pela última parte do ordenado.

Os subsídios por trabalhos realizados no período nocturno foram cortados. Em Setembro, quando a direcção do porto decidiu cancelar o pagamento destes subsídios, fez circular uma informação dando conta de que este benefício laboral seria reposto no ano seguinte.

Os esforços efectuados pelo F8 para ouvir a direcção do Porto do Lobito não surtiram efeitos. Porém, nos próximos dias traremos mais pormenores sobre este assunto.

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