O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em forte baixa a previsão de crescimento de Angola e espera agora uma estagnação durante este ano e uma expansão de 1,5% em 2017. Segue a linha de outros analistas, caso da Fitch que espera que a economia cresça zero em 2016.
Segundo as projecções dos economistas do FMI, Angola deverá, em 2021, registar um nível de crescimento de sensivelmente um terço face à média entre 1998 e 2007. Para este ano, o World Economic Outlook aponta uma estagnação, prevendo 1,5% em 2017.
“Angola está, como a Nigéria e a África do Sul, a adaptar-se à forte queda nas receitas das exportações de petróleo, não deverá crescer este ano e vai ter um débil crescimento no próximo ano”, lê-se no relatório hoje em Washington.
No que diz respeito a Angola, o documento revê em forte baixa as previsões de crescimento, já que em Maio apontava para um crescimento de 2,5% este ano e uma ligeira aceleração para os 2,7% no próximo ano.
Segundo as projecções dos economistas do FMI, Angola deverá, em 2021, registar um nível de crescimento de sensivelmente um terço face à média entre 1998 e 2007, anos em que cresceu 10,3% ao ano, em média.
A actualização das previsões de crescimento surge menos de um mês depois de a Economist Intelligence Unit (EIU) ter revisto também em baixa as previsões de crescimento da economia de Angola para este ano, antecipando uma expansão de apenas 0,6%, cerca de metade da estimativa oficial do Governo.
“Em Agosto, o Governo reviu em baixa a sua previsão de crescimento em 2016, pela segunda vez em pouco mais de um mês, de 3,3% para 1,1%, e em Julho já tinha revisto para 1,3%; mas a EIU reviu a sua própria previsão, para apenas 0,6%”, escreveram os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist.
No ‘Country Outlook’ sobre Angola, enviado há duas semanas aos investidores, a EIU antecipa que no resto desta década o país acelere o crescimento económico para 3,5% em 2018, antes de novo abrandamento para 2,5% em 2020.
Devido à quebra das receitas com a exportação do petróleo no primeiro semestre, o Governo apresentou ao parlamento uma proposta de revisão do Orçamento de 2016, cortando a previsão do preço médio do barril de crude exportado em 2016 de 45 para 41 dólares.
Com isto, o crescimento da economia desce dos 3,3% iniciais, face a 2015, para 1,1%, e a inflação, devido à crise cambial, dispara de 11 para 38,5%, segundo os cálculos do Executivo.
A revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2016 está em análise no Parlamento, com votação final agendada para esta sexta-feira, e igualmente em fase final de elaboração, para ser apresentado ao Parlamento em Outubro, está o OGE de 2017.
Registe-se, neste contexto, que a subida do nível da dívida pública é uma consequência directa da descida dos preços do petróleo, a partir de meados de 2014, que afectou decisivamente a economia de Angola, que depende desta matéria-prima para financiar o desenvolvimento económico e as altas taxas de crescimento que registou na última década. Indirectamente é uma consequência da inexistência da diversificação económica, há décadas defendida quer por analistas internos quer externos.
O sector petrolífero mantém algum dinamismo (a produção chegou em média aos 1,76 milhões de barris por dia em 2016), mas a Fitch espera que a economia cresça zero em 2016, descendo dos 3% em 2015 e com a pior performance em 14 anos (desde 2002, fim da guerra civil).
A agência de ‘rating’ prevê ainda uma inflação média de 30% para 2016, abaixo da previsão de 38,5% definida pelo Governo e dos 38,1% já atingidos em Agosto (a um ano) último. Igualmente mais optimista é a previsão de défice das contas públicas, que se cifra em 5,8% do PIB em 2016, contra os 6,8% que o Governo definiu no Orçamento Geral do Estado revisto.
A agência de ‘rating’ diz ainda que o facto de mais de 40% da dívida pública ser em moeda estrangeira “expõe o peso da dívida a uma depreciação maior da taxa de câmbio”, o que dificulta os pagamentos.
Por outro lado, “os pagamentos de juros em percentagem das receitas também deverão aumentar fortemente para mais de 14%, o dobro dos níveis do ano passado”, e é também provável que o crédito mal parado, que no primeiro trimestre estava quase nos 20%, suba ainda mais.