Criminosa mentira do regime angolano

VEJA O VÍDEO. O governo do MPLA reitera a mentira, uma das muitas com que alimenta a sua máquina repressora. Ajudado por alguma comunicação social que pensa com o umbigo, procura que a mentira dita muitas vezes acabe por se tornar verdade.

Por Orlando Castro

Os dados da mortalidade infantil são a mais cabal prova dessa monstruosa mentira. No passado dia 16 escrevemos que “O ministro da saúde mente” e, hoje, perante a conivência criminosa dos media que confundem a propaganda com informação, voltamos a reafirmar que o ministro da saúde, Gomes Sambo, e o governo mentem descaradamente. E ao dar-lhes cobertura passiva e canina, muitos órgãos de comunicação social são igualmente criminosos.

Segundo a Lusa, o número de crianças angolanas que morrem antes dos cinco anos é de 44 por cada mil nados vivos, uma redução significativa comparativamente aos últimos cinco anos, quando as taxas apontavam para 115 por cada mil. O Governo de sua majestade o rei Eduardo dos Santos agradece o frete da Lusa, mas a verdade é outra. Aliás, desde logo, a Organização Mundial de Saúde situava a taxa em 156 e não em 115.

Neste colossal freta à mentira, afirma-se (numa clara tentativa de branquear a aldrabice) que os novos dados constam do Inquérito de Indicadores Múltiplos de Saúde (IIMS), realizado entre 2015 e 2016, pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola (INEA), em colaboração com o Ministério da Saúde de Angola, e assistência – eis a manipulação que visa dar credibilidade à mentira – do Banco Mundial, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Importa esclarecer que a “assistência” do Banco Mundial, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) respeita ao apoio ao combate à mortalidade infantil e não à inexistente credibilidade estatística apresentada pelo INEA.

Convenhamos que é um pormenor que faz toda a diferença. Estas instituições internacionais não subscrevem o relatório do INEA. Não é intelectualmente honesto nem eticamente sério querer passar a tese de que “isto” é a obra-prima do Mestre quando, de facto, se está a falar da prima do mestre de obras.

Puxando dos galões inerentes à produção de conteúdos, que não ao Jornalismo, a Lusa diz que “os resultados do inquérito, que hoje foram apresentados, permitiram calcular directamente as taxas de mortalidade neonatal, pós-neonatal, infantil, pós-infantil e infanto-juvenil, com base no historial de nascimentos”.

Pois permitem. E que tal questionar, analisar, comparar a fiabilidade dos dados apresentados? Que tal interrogar o INEA, o Governo, o Ministério da Saúde com os dados da OMS? Que tal explicar que se o general Higino Carneiro comer uma lagosta e a zungueira Rosália nada comer, o INEA dirá que cada um comeu meia lagosta?

O inquérito, feito à medida e por medida por ordens superiores do regime, revela que entre 2011 e 2015 estima-se que a taxa de mortalidade infantil (probabilidade de morrer durante o primeiro ano de vida) seja de 44 mortes por cada mil nados vivos e a taxa de mortalidade infanto-juvenil (probabilidade de morrer antes de completar os cinco anos) seja de 68 mortes em cada mil crianças nascidas vivas.

Como foi feito esse inquérito? Em que universo? Tudo leva a crer que o Instituto Nacional de Estatística auscultou exclusivamente aos angolanos de primeira, não abarcando – portanto – os 20 milhões de pobres que embora nascidos em Angola, que embora vivam em Angola, não são… angolanos.

Provavelmente a próxima análise estatística às questões de saúde irá colocar Angola como um dos melhores países do mundo. Basta para isso que, por determinação superior do ministro da Saúde (em conformidade com as ordens superiores), se analise apenas o que se passa a nível do clã familiar de José Eduardo dos Santos.

Para a mortalidade neonatal (probabilidade de morrer antes de atingir um mês de vida) está estimada – sempre de acordo com os dados encomendados ao INEA – em 24 mortes por cada mil nados vivos, enquanto a mortalidade pós-neonatal (probabilidade de morrer entre o primeiro mês de vida e antes de completar um ano) estima-se em 20 óbitos para cada mil crianças nascidas vivas.

“Em cada 1.000 crianças que completam o primeiro ano de vida, 25 morrem entre o primeiro e o quinto aniversário (1-59 meses)”, adianta ainda o documento.

Recorde-se, qual gato escondido com o rabo de fora, que o IIMS 2015-2016 tem como objectivo (se fosse algo de sério) fornecer informações actualizadas relativamente à situação dos homens, mulheres e crianças e medir o estado actual dos indicadores-chave, que vão permitir Angola avaliar os progressos alcançados no que diz respeito aos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio e ao Plano nacional de Desenvolvimento Sanitário 2012-2025.

Com estes dados, que ninguém imparcialmente auditou ou validou, numa comparação com cinco países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) – Namíbia, Zâmbia, República Democrática do Congo, Lesoto e Moçambique -, o inquérito revela que (disparem os foguetes) Angola está atrás apenas da Namíbia.

Curiosamente, no sistema de multiplicação da mentira, a Lusa transcreve o relatório, e como não tem (nem quer ter, nem pode ter) capacidade crítica para contraditar os dados, coloca-os no ar e pelo universal sistema da lei do menor esforço – o “copy paste” – o mundo come de cebolada a estratégia propagandística do regime angolano, dando como verdadeira uma monumental aldrabice.

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