MOÇAMBIQUE. O número de deslocados, que fogem do conflito político-militar em Manica, centro de Moçambique, em busca de abrigos seguros, aumentou largamente, nos últimos meses, disseram os responsáveis dos centros de acomodação provisórios.
Cerca de seis mil pessoas estão alojadas em centenas de tendas distribuídas pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INCG) em quatro centros de acomodação nos distritos de Gondola, Vanduzi, Mossurize e Báruè, os dois últimos severamente atingidos pelo conflito que opõe as Forças de Defesa e Segurança (FDS) ao braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
“Em duas semanas foi registada a entrada de 1.016 deslocados oriundos de 11 zonas, incluindo da província de Sofala”, disse à Lusa Rogério Abril, chefe dos pavilhões do recém-criado centro de acomodação de Vanduzi, uma zona abrangida pela coluna de viaturas de escolta militar obrigatório no troço da N7, entre as províncias de Manica e de Tete.
Os deslocados do novo centro de Vanduzi, implantado há duas semanas inicialmente com 125 famílias, são provenientes de Nhamatema, Punguè Sul, Chiuala, Honde, Guta, Mucombedzi, Pina, cruzamento de Macossa, Mossurize, Dombe e Chemba, zonas criticas e agora despovoadas, onde são frequentes relatos de confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Devido à insuficiência de tendas, prosseguiu Rogério Abril, duas ou mais famílias partilham o mesmo espaço de cerca de seis metros quadrados, e a fome complica ainda mais a equação da vida dos deslocados, que, na maioria, dizem ter perdido as suas casas por fogo posto durante as acções bélicas.
“Eu fugi da guerra, as matanças estavam demais”, descreveu Vailete Chiringa, uma deslocada em Vanduzi, que, com dez membros da sua família, deixou tudo para trás em Chiuala (distrito de Báruè) em busca de segurança, enquanto Grace Edson, divorciada e com seis filhos nas tendas de Mossurize, pede a “Deus que toque [o Presidente da República Filipe] Nyusi e [o líder da Renamo Afonso] Dhlakama”, porque, mais uma vez, ” sofrimento é demais”.
Lusa