TIMOR-LESTE. Xanana Gusmão considerou hoje “difícil de explicar” o facto de a Austrália se continuar a recusar a aceitar o convite timorense para definir as fronteiras marítimas entre os dois países, processo já concluído com todos os outros vizinhos.
“O governo australiano continua a recusar convites de Timor-Leste para negociar. A recusa da Austrália é difícil de explicar. A zona em questão representa apenas 1,8% da zona marítima australiana”, disse o ministro do Planeamento e Desenvolvimento Estratégico.
Xanana Gusmão falava em Haia na sessão de abertura da Comissão de Conciliação solicitada pelo Governo timorense em Abril para tentar forçar Camberra a negociar a delimitação das fronteiras marítimas entre os dois países.
Uma delimitação permanente que Camberra recusa negociar, disse, porque insiste na validade do acordo temporário assinado com Díli em 2002, disse Xanana Gusmão, numa altura em que Timor-Leste se debatia com os inúmeros desafios depois da destruição que se sucedeu ao referendo de 1999.
“Na altura Timor não tinha nada, as nossas pessoas tinham sido massacradas, mais de 90% da nossa infra-estrutura foi queimada. Não tínhamos dinheiro e éramos obrigados cada seis meses a pedir esmola à comunidade internacional para os serviços mais básicos”, disse.