A crise em Angola tem origem na incompetência, amamentada pelo nepotismo, do regime. Afinal 41 anos de independência e 14 de paz total não chegaram para o país ser uma democracia, um Estado de Direito, sendo apenas um reino onde a classe dirigente tem tudo e o Povo nada tem.
É claro que, do ponto de vista oficial, a culpa é sempre da crise financeira. Essa coisa básica a que chamamos electricidade nem na capital é garantida. O lixo está em todas as esquinas. A miséria também. Temos 20 milhões de pobres. Mas o que é eu isso interessa se, na Cidade Alta, existe tudo o que há de bom melhor?
A redução na iluminação e ornamentações de Natal que se constata nas ruas do centro da capital deve-se – dizem os donos do reino com a cobertura acrítica dos supostos jornalistas – às actuais restrições financeiras que o país vive.
Foi isso mesmo que explicou à Lusa Osvaldo Amaral, director para as infra-estruturas e serviços técnicos do Governo da Província de Luanda, Osvaldo Amaral.
“Na rua principal do Aeroporto Internacional de Luanda já se vê algumas melhorias, com iluminações de Natal e o resto, vamos definir opções em função do actual quadro financeiro que o país vive”, explicou Osvaldo Amaral, transmitindo – o que é uma regra basilar do regime – as ordens superiores.
Apesar de garantir a iluminação reduzida com os habituas adereços de Natal, Osvaldo Amaral receia por apagões neste período em consequência das restrições no fornecimento de energia eléctrica que a capital angolana tem vivido, com os constantes apagões, provocados pelo aumento do consumo e pela conclusão das obras na barragem de Cambambe (Cuanza Norte).
“A capacidade de fornecimento da ENDE [Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade] neste momento é muito reduzida e condicionada. A iluminação pública de Luanda vive este drama”, contou Osvaldo Amaral.
A montagem do já tradicional presépio de Natal no Largo 1.º de Maio, no centro da cidade, é outro dos pontos altos das ornamentações públicas da quadra em Luanda, entretanto já concluída.
“Sem garantias, mas os esforços financeiros estão ser desenvolvidos para que as coisas sejam feitas tal como a gente anseia. Estamos a fazer todo um esforço para tornar Luanda mais limpa e mais agradável, mas as condições do país às vezes não permitem”, assinalou Osvaldo Amaral.
O lixo é um monumento a Dos Santos
O regime continua com os motores da falsidade aquecidos para, numa poluição sonora, de muito má qualidade, e que intriga a maioria dos angolanos, tentar branquear os 41 anos de uma política de má gestão económica e social, discriminação política, perseguição aos opositores e à sociedade civil, não bajuladora e, mais grave, a lixeira de uma política irracional, que já não consegue sair dos monturos por si implantados, como se pode verificarem todas as esquinas.
Por mais que os sipaios de Eduardo dos Santos tentem sacudir o lixo para o quintal do vizinho, exonerando governadores da província de Luanda, ao longo destes 41 anos de independência, caricatamente, todos, absolutamente, todos os governantes por si nomeados, são mais da sua esfera pessoal, do que do próprio MPLA, que fica em cima dos contentores, a analisar a lixeira do lixeiro que se segue.
Não é possível tentar enquadrar o tamanho do lixo que inunda Luanda, fora de uma prática incompetente do executivo, superiormente liderado por José Eduardo dos Santos, à 37 anos no poder, sem nunca ter sido nominalmente eleito e, sem noção de gestão urbana, que comete ao longo destes anos, erros crassos de gestão, afastando muitos técnicos, oriundos do período colonial, com forte conhecimento da gestão urbana da cidade e das formas para um saneamento eficaz e despartidarizado.
O maior mérito da política do MPLA tem sido a promoção de “jobs for the boys”, muitos dos quais verdadeiramente incompetentes, mas por serem bajuladores do “camarada presidente”, são nomeados, não para acabar com o lixo, mas para a sua verdadeira promoção. Provas para quê?
Uma máxima que o MPLA tem perseguido ao longo dos anos é de o MPLA é o Povo e o Povo o MPLA, mas face à incapacidade de não acertar numa política de limpeza e recolha do lixo das cidades, foi, por conveniência de serviço, obrigado o Executivo a nomear, de madrugada (tal como o fez com a aprovação da Constituição de 2010, a maioria estava com atenção no CAN; ou a entrada em vigor da nova Lei Geral de Trabalho, no dia 13 de Setembro, um domingo), um novo membro, o MINISTRO DA PROMOÇÃO DO LIXO.
Isto para incentivar a sua produção em larga escala, para justificar a subida dos níveis de produção de 1973, ano de ouro da governação colonial portuguesa e que foi sempre um marco para ser superado pelo MPLA e desta forma legitimar a nova máxima: O MPLA é o lixo, o lixo é o MPLA.
O aumento do lixo, a incapacidade de pagarem às empresas dos próprios membros do MPLA, pois são os únicos autorizados, nesta empreitada demonstra que a discriminação só gera lixo, lixo que afinal, o MPLA sente como um verdadeiro elemento imprescindível da sua gestão.
O líder do MPLA e da República, que dirige ininterruptamente, o país há 37 anos, é considerado como o maior “arquitecto do lixo”, face às políticas de promoção da incompetência e interferência numa verdadeira gestão urbana.
O Presidente da República é avesso a um verdadeiro programa de gestão autónoma das cidades, principalmente, no que se refere à capital, sendo confrangedora a falta de visão sobre o que pretende que seja a Luanda capital; a Luanda Metropolitana ou a Luanda Província…
E numa altura em que o lixo é o que mais ordena, nada espanta que tudo seja uma verdadeira lixeira, ao ponto da política e da justiça serem hoje o seu expoente máximo.