O Fundo Soberano de Angola (FSDEA), divulgou os resultados da carteira de investimentos no primeiro trimestre de 2016. No período em questão (1 de Janeiro a 31 de Março de 2016), e segundo o balancete do FSDEA, o valor total dos activos é 4,56 bilhões de dólares norte-americanos.
Comentando os resultados, José Filomeno dos Santos, PCA do FSDEA afirmou que, “a 31 de Março de 2016, o Fundo Soberano de Angola tinha quase 60% do portfólio alocado a fundos de private equity, que se dedicam a investimentos nacionais e regionais. Estes fundos visam gerar novas fontes de receita para o Estado Angolano, bem como apoiar o desenvolvimento de novos ramos industriais, além da exploração petrolífera. Apesar da instabilidade económica da região, continuaremos a investir em ramos e classes de activos específicos para colher receitas durante a retoma do ciclo económico no continente Africano”.
Os destaques da actividade de investimento do FSDEA no fim do primeiro trimestre de 2016 foram os seguintes:
• O valor total dos activos presentes no portfólio é de 4,56 bilhões;
• As alocações em activos de private equity totalizam 59% do portfólio e destinam-se a investimentos directos em Angola e nos países da África Subsaariana;
• Os títulos e valores mobiliários presentes no portfólio consistem em obrigações, acções e fundos de cobertura, avaliados em 1,84 bilhões de dólares.
Mais recentemente, o Ministério da Agricultura atribuiu a concessão de sete fazendas de larga escala ao FSDEA. As fazendas estão localizadas nas províncias do Bié, Cunene, Malange, Moxico, Kuando Kubango, Uíge e Zaire e totalizam 72.000 hectares de perímetros agrícolas dedicados a produção de grãos, oleaginosas e arroz.
O investimento agrícola permite aceder os mercados internacionais das “soft commodities”, reduzir a importação de alimentos e apoiar a diversificação económica nacional, impulsionando o agronegócio e a industrialização.
Pelo facto da agricultura empregar mais de metade da população angolana, financiar este ramo aumenta a renda das para as pessoas ao nível das bases e apoia o surgimento de novas oportunidades para o sector privado na cadeia agro-alimentar.
“Os riscos e os ganhos devem ser bem doseados. O investimento na actividade agrícola oferece receitas estáveis e de longo prazo e diversifica as alocações em activos tradicionais presentes no portfólio. O aporte de 250 milhões de dólares previsto para este ramo pelo FSDEA deve-se a este propósito. A crescente classe média dos países emergentes, a subida dos níveis de rendimento e a expansão das zonas urbanizadas tende a aumentar a procura de alimentos e os preços das soft commodities. A longo prazo, o FSDEA e outros investidores deste ramo alcançarão elevadas receitas líquidas”, perspectiva José Filomeno dos Santos.
O Ministério das Finanças autorizou o Fundo Soberano a adoptar as normas internacionais de relato financeiro (IFRS), nos seus registos contabilísticos e demonstrações financeiras até 2017. À luz do seu compromisso com as boas práticas e a transparência, o FSDEA serve-se desta oportunidade para efectuar uma adopção célere que visa permitir que as demonstrações financeiras do exercício de 2015 estejam compatíveis com as IFRS. As normas internacionais de relato financeiro são consideradas as mais rigorosas na apresentação de resultados financeiros a nível mundial.
A transição do Plano Contabilístico das Instituições Financeiras (CONTIF) para o IFRS, permitirá ao FSDEA expor os dados relativos as suas operações e investimentos com mais detalhe e rigor do que anteriormente.
José Filomeno dos Santos referiu que, “O FSDEA pretende juntar-se aos primeiros aderentes das IFRS em Angola. O facto de que o CONTIF e o Plano Geral de Contabilidade (PGC) limitarem a demonstração do escopo da estratégia, investimento e receitas da instituição preocupa-nos bastante, porque o FSA pertence a todos os angolanos e a sua administração deve comprometer-se aos níveis mais elevados de transparência e boa governação. Por este motivo, consideramos a rápida adopção das normas internacionais de relato financeiro muito importante.”
Em 2014, o FSDEA concluiu a constituição de organismos de investimento colectivo, dedicados a actividade de private equity em ramos de elevado crescimento, como os da infra estruturas, imobiliário, agricultura, silvicultura, saúde, mineração e capital estruturado na região Subsaariana de África. Estes investimentos permanecem inafectados pela volatilidade dos mercados internacionais e visam apoiar estratégia de diversificação da economia nacional.
O FSDEA é um dos instrumentos do Executivo dedicado a catalisação do crescimento, ao desenvolvimento sustentável e redução da dependência da economia nacional no sector petrolífero. Actualmente, a alocação de 2,7 biliões de dólares a actividade de private equity consiste em capital social realizado nos sete organismos de investimento colectivo, certificados e regulados pela Comissão de Serviços Financeiros da Maurícia, para desenvolver oportunidades de negócio em ramos estratégicos para o desenvolvimento de Angola e da região envolvente.
Estes sete organismos de investimento colectivo (fundos) reflectem o objectivo estratégico do FSDEA de gerar rendimentos para Angola ao longo prazo e beneficiar os cidadãos angolanos através da preservação e criação de património público para as gerações atuais e as futuras.
Apesar da auditoria anual independente das demonstrações financeiras do FSDEA de 2015 estar actualmente em curso, destacam-se a seguir os principais desenvolvimentos da sua carteira de investimento durante o ano transacto:
– 19% dos $1,1 bilhões do fundo de infra-estrutura estão investidos em projectos localizados em Angola e no Quénia;
– 23% dos $500 milhões do fundo imobiliário estão investidos em projectos hoteleiros localizados em Angola e na Zâmbia;
– 10% dos $220 milhões do fundo de silvicultura estão investidos numa concessão de larga escala de eucaliptos em Angola;
– 2% dos $245 milhões do fundo de mineração estão investidos num projecto mineiro na Mauritânia;
– 12% dos $190 milhões do fundo de capital estruturado estão investidos num activo localizado na África do Sul.
As grandes alocações em Angola, previstas para os fundos de agricultura e de saúde, com um capital total de $465 milhões, serão estreadas durante o ano 2016.
Dos 2,7 biliões, de património líquido alocado aos fundos de capital de risco, $407 milhões já foram aplicados em investimentos directos em Angola e na região Subsaariana de África.
O período de investimento do património líquido destes fundos de capital de risco é de 3-5 anos, ao passo que a duração da alocação pode ascender os 10 anos.
O FSDEA prevê que a alocação prevista de $3 biliões, de património líquido, para os sete fundos de capital de risco estará totalmente investida em 2020.