A carteira de Luísa Dylon e (muito) mais

O romancista angolano Roderick Nehone apresenta a 6 de Outubro no auditório Pepetela do Centro Cultural Português, a sua mais recente obra literária, intitulada “A carteira Luísa Dylon e outros contos” uma incursão ao universo folclorístico angolano.

Nesta sua obra mais recente, “A CARTEIRA LUÍSA DYLON e Outros Contos”, RODERICK NEHONE reúne 14 histórias, narradas num estilo coloquial e fluido, talhadas com o gume afiado da ironia, que é um dos traços marcantes da sua escrita, considerada pela crítica literária “uma das mais fulgurantes revelações da ficção narrativa angolana”.

Em cada uma das 14 histórias, contextualizada no tempo e no espaço, RODERI-CK NEHONE vai desfiando, com o seu engenho literário, factos e personagens retirados do quotidiano, predominantemente urbano de Luanda dos dias de hoje.

Uma mistura de sentimentos, emoções, anseios, ambições, frustrações, dilemas, dramas, traições, medos e fragilidades humanas.

No conto “A Carteira Luísa Dylon”, que dá nome à obra, RODERICK NEHONE, dá a conhecer os anseios da personagem Janet, “alta, bela e esbelta… mas triste, porque cria piamente que havia nascido no lugar errado… espetada no município periférico do Rangel, sem poder conhecer a gente do jet set… ela sofria com tudo o que a rodeava e tornava uma mera quimera o seu sonho permanente de ser rica e poderosa…”.

A descrição da casa em que vivia revela uma realidade nua e crua, rica em detalhes “Dormia numa cama de três pernas de madeira e uma de tijolo. Não tinha ar condicionado no quarto, nem ventoinha para afastar os mosquitos. Não possuía gerador em casa e, quando a energia eléctrica bazasse, tinha de fazer uma lamparina num prato metálico com azeite e algodão. Também não possuía electrobomba, pelo que o banho feito com o chuveiro da lata de leite Nido, de tamanho médio…. Engomar era frequentemente com ferro a carvão.

RODERICK NEHONE na sua narrativa, vai tratando personagens diversificadas, retiradas do quotidiano actual de Luanda, marcado pelo frenético ritmo da sobrevivência. Partindo do contexto de Luanda, RODERICK NEHONE aborda realidades, pessoais, sociais e colectivas, que exorbitam desse contexto particular e caracterizam o mundo actual globalizado.

Um mundo motivado obsessivamente por objectivos materialistas e consumistas. A discriminação social de todo o tipo, o preconceito, a ambição desmedida, o “não olhar a meios para atingir fins” e a tirania da moda ao serviço de estratégias de lucro, são algumas das realidades abordadas, que sendo também globais, conferem à obra uma dimensão universal.

BIOGRAFIA

RODERICK NEHONE, pseudónimo literário de Frederico Manuel dos Santos e Silva Cardoso. Licenciou-se em Direito na Universidad Central de Las Villas em Cuba e foi docente da Universidade Agostinho Neto, de 1991 a 2004.

É membro da Ordem dos Advogados de Angola e Presidente da Mesa da Assembleia-Geral da União dos Escritores Angolanos. Da sua vasta obra publicada constam “Génese”, Prémio António Jacinto de Literatura (1996), “Estórias Dispersas da Vida de um Reino”, Prémio Sonangol de Literatura (1996), “O Ano do Cão”, Prémio Sonangol de Literatura (1998), “Peugadas de Musa” (2001), “Tempos de Véu” (2003), “Uma Bóia na Tormenta” (2007) e “Filho Querido” (2015). RODERICK NEHONE vive em Luanda. Os contos e poemas do autor integram várias colectâneas sobre literatura angolana nesses géneros. Algumas das suas obras foram traduzidas para inglês, espanhol, alemão, hebraico, servo–croata e francês.

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