O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) afirma que os nossos empresários não sentem falta da parceria estratégica com Portugal, cuja criação foi suspensa, e que a banca portuguesa pode ajudar a Governo angolano a equilibrar as contas públicas.
E m declarações à agência Lusa, a propósito da visita a Luanda do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Machete, José Severino relativiza os efeitos do anúncio de Outubro de 2013, sobre as relações entre os dois países.
“As relações económicas continuaram sempre muito activas, com missões de parte a parte. Não vi qualquer ruptura, aliás a prova é que as exportações de Portugal para Angola não param de subir”, reconheceu o presidente da AIA.
Mais de 8.800 empresas portuguesas trabalham para o mercado angolano e as trocas comerciais entre os dois países atingiram em 2013 os 7.500 milhões de euros, precisamente o ano em que o Presidente angolano anunciou a intenção de não levar avante a criação da parceria estratégica com Lisboa.
“Portugal vai continuar a ser um parceiro estratégico em termos económicos, mesmo que não seja noutros domínios”, apontou José Severino.
A pensar nas consequências da quebra da cotação do petróleo, e por consequência das receitas fiscais angolanas, o porta-voz dos empresários do país advoga uma evolução nestas relações, até tendo em conta da actividade das empresas portuguesas no país.
“Portugal começa a recuperar em termos económicos e, apesar de algumas desgraças, tem uma banca sólida. Por outro lado, Angola vai ter um défice orçamental em 2015 [estimativa de 7,6% do Produto Interno Bruto] e a banca portuguesa pode dar um contributo importante”, apontou.
Recorde-se que as exportações portuguesas para Angola crescerem 49,8% no terceiro trimestre de 2014, em termos homólogos, valendo 1,4 mil milhões de euros, segundo o mais recente relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano sobre o comércio externo.
De acordo com o documento, Portugal exportou para Angola, entre Julho e Setembro de 2014, bens e serviços no valor de 171.513 milhões de kwanzas (cerca de 1,4 mil milhões de euros), correspondendo a uma quota de mercado, líder, de 14,7%.
No sentido inverso, Portugal, é apenas o 11.º destino das exportações angolanas, com uma quota de 2,4% do total, tendo importado 36.656 milhões de kwanzas (298 milhões de euros) no mesmo período.
A visita do ministro Rui Machete a Luanda, segunda e terça-feira, servirá para avaliar o estado das relações entre os dois países, a vários níveis, numa altura em que se estima que mais de 200 mil portugueses vivem em Angola.
“A tendência é de melhoria nas relações, sem dúvida”, rematou José Severino.