O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse em Luanda que as políticas monetárias e cambiais de Angola devem ser concentradas na contenção da inflação, actualmente em 10,4% e com perspectivas de aumentar.
A recomendação foi feita em conferência de imprensa pelo chefe de uma missão do FMI, Ricardo Velloso, num balanço da visita de trabalho de duas semanas a Angola, que hoje terminou.
“As políticas monetárias e cambiais devem ser concentradas na contenção da inflação, preservando um nível adequado de reservas internacionais”, disse o responsável.
Segundo o FMI, a inflação está a acelerar, reflectindo a desvalorização do kwanza.
A organização financeira perspectiva, entretanto, um aumento da inflação até ao final do ano, mas sem apontar números.
“Por duas razões, porque não sabemos exactamente qual será o efeito do aperto monetário que foi feito há alguns meses, que acho que sim que pode ter um efeito importante sobre a contenção da inflação e segundo, porque a taxa de câmbio que se desvalorizava mais rapidamente agora, sofreu um processo de desaceleração”, explicou Ricardo Velloso.
Para o responsável, a tendência para 2016, é de decrescimento da inflação.
“Também achamos que essa redução do crescimento económico vai reduzir a pressão para os aumentos de preços, apesar de muitos produtos em Angola serem importados, há ainda uma margem de comercialização relativamente alta, que pode ser ajustada à baixa e reduzir a pressão da desvalorização do kwanza sobre os preços”, indicou.
Ricardo Velloso considera que a moeda nacional está a ficar “mais competitiva”, o que vai permitir também que o país se torne mais competitivo e reduza a sua dependência de importações e comece um processo de exportação de outros produtos.
O FMI vê como boa iniciativa as intervenções do Governo angolano no mercado cambial, que têm permitido uma desvalorização ordenada do kwanza.
“Porém, o diferencial grande e volátil entre as taxas de câmbio do mercado paralelo e primário, bem como os atrasos nas ordens de compra de divisas dos bancos comerciais, são indicações de que ainda existe um desequilíbrio no mercado”, sublinha o FMI.
A correcção desse desequilíbrio é essencial, recomenda a instituição financeira, para a manter a taxa de câmbio oficial como base da determinação de preços e das expectativas de inflação, bem como para impedir a má afectação de recursos na economia.
A projecção do FMI de crescimento da economia angolana para 2015 e 2016 é de 3,5% para cada ano, e as perspectivas de recuperação são apontadas para início de 2017, com reservas face à possibilidade de uma maior queda do preço do petróleo, que não pode ser descartada.