Cerca de 2.100 alunos regressam na segunda-feira às aulas na Escola Portuguesa de Luanda, instituição que segue o currículo e ano escolar de Portugal, com a Direcção a garantir não sentir qualquer quebra de estudantes portugueses.
E m declarações à agência Lusa, a directora pedagógica da escola, Carmo Baila, explicou que a instituição, que funciona no centro da capital sob gestão da Cooperativa Portuguesa de Ensino de Angola, vai contar com o mesmo número de alunos.
“No ano lectivo anterior tivemos cerca de 2.100 alunos, número que se mantém sem grandes oscilações para este ano”, apontou a directora da escola, que segue o currículo português, inclusive períodos lectivos, ao contrário do calendário angolano, cujas aulas decorrem entre Fevereiro e Dezembro.
Criada por decreto-lei de 2006, ao abrigo de um protocolo entre os governos de Portugal e de Angola, a Escola Portuguesa de Luanda é frequentada, segundo Carmo Baila, por alunos de diversas nacionalidades, mas sobretudo portugueses e angolanos.
Apesar da situação de crise económica e financeira no país, com a partida de milhares de expatriados, a directora diz que a lotação da escola continua esgotada.
“Não sentimos diminuição na afluência de alunos de origem portuguesa. Na verdade, temos uma lista de espera extensa de alunos que pretendem frequentar a escola e para os quais não temos vaga, infelizmente. Isto é, de facto, um ponto preocupante e que é recorrente todos os anos”, admitiu.
A escola volta também a contar com 125 professores neste ano lectivo, envolvendo desde a educação pré-escolar até ao ensino secundário e com todos os cursos científico-humanísticos, mas a directora pedagógica assume que o processo de recrutamento de docentes “é sempre difícil” devido “à especificidade do currículo” e à “exigência” legal para a função.
Ainda assim, recordou, a escola vai introduzir neste ano lectivo a cadeira de Música, como disciplina de oferta de escola para os sétimo e oitavo anos, prevendo também implementar um plano de acções de melhoria.
“Para este ano lectivo, espero o melhor sucesso dos alunos, uma boa aquisição das aprendizagens e uma muito sã convivência entre todos os elementos da comunidade educativa”, rematou a responsável.
Segundo informação disponibilizada pelo Ministério da Educação e Ciência de Portugal, além da Escola Portuguesa de Luanda, também o Colégio Português de Luanda e o Colégio São Francisco de Assis, ambos na capital, e a Escola Portuguesa do Lubango, funcionam em Angola com o currículo português.
No limite em Moçambique
Por sua vez, a Escola Portuguesa de Moçambique abriu o ano lectivo, com 1.580 alunos e 130 professores, no limite da sua capacidade, mantendo uma lista de espera de 55 estudantes, a maioria no pré-escolar, segundo a directora.
“Nesta altura, já ultrapassámos o número de inscrições que tínhamos no ano passado”, disse Dina Trigo de Mira, esperando que ao longo do ano lectivo, aberto a 3 de Setembro, se atinja um total de 1.600 estudantes.
Com oferta do pré-escolar ao 12º ano, a Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino de Língua Portuguesa, localizada em Maputo, tem experimentado um crescimento desde a sua inauguração em 1999.
Parte da lotação é explicada, segundo a direcção da escola, pela existência de 70 alunos com necessidades educativas especiais, o que obriga, por lei, a que sejam colocados em turmas abaixo dos 20 estudantes.
O ano lectivo 2015/16 conta com alunos de 12 nacionalidades, na maioria portugueses (978) e moçambicanos (599), e cerca de um terço estão matriculados no primeiro ciclo.
Detida pelo Estado português, a escola espera abrir dentro de um ano uma extensão na Matola, arredores de Maputo, a partir da transformação de um antigo edifício de escritórios.
Estudos já realizados mostraram que há mercado para o polo da Matola, mas, de acordo com Dina Trigo de Mira, a manter-se o orçamento actual da Escola Portuguesa, “terá de se fazer alguma ginástica em termos de gestão financeira”.
Apesar de muitos dos actuais alunos residirem na Matola, a direcção do estabelecimento de ensino não espera um grande volume de transferências com a abertura da extensão, uma vez que é frequente os pais trabalharem em Maputo e o objectivo é ter matrículas correspondentes a estudantes novos.
Por outro lado, embora o número de inscrições de alunos de nacionalidade portuguesa tenha subido no ano lectivo que agora começou, é uma meta assumida pela escola ter cada vez mais estudantes moçambicanos, “como forma de promover a língua e cultura portuguesa em Moçambique”, observou a directora.
O ano lectivo será ainda marcado pela aposta na cooperação com instituições moçambicanas, nomeadamente estágios de docentes, e também através da interacção com estudantes por via de mostras de conhecimento.
Além de um planetário, já existente – oferecido pela Fundação Calouste Gulbenkian e por empresas – é esperada em breve a inauguração de uma réplica da exposição “A Física no Dia-a-dia”, baseada na obra homónima de Rómulo de Carvalho e patente no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, e que poderá, ao abrigo de um entendimento com o Ministério da Educação de Moçambique, transitar por outras escolas do país.
A directora da Escola Portuguesa de Moçambique assinalou que as médias dos alunos estão a subir desde há vários anos, quer internas, quer as finais, “o que define a missão deste projecto educativo”, salientando que 95% dos resultados estão acima da média nacional e que a maioria dos estudantes que este ano ingressou no ensino superior conseguiu fazê-lo na primeira opção.
A Escola Portuguesa de Moçambique cobra propinas com um custo trimestral que varia entre cerca de 500 e 700 euros.