As vendas de divisas do Banco Nacional de Angola (BNA) à banca comercial aumentaram mais de 170% em apenas uma semana, mas o kwanza mantém-se em forte desvalorização, provocada pela crise da cotação internacional do petróleo.
D e acordo com o relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, divulgado hoje pelo BNA, o banco central realizou vendas em leilões, entre 09 e 13 de Fevereiro, de 435 milhões de dólares.
Trata-se do valor semanal mais alto de 2015 e contrasta com as vendas de 160 milhões de dólares, realizadas entre 02 e 06 de Fevereiro, traduzindo-se num aumento de 171% face à semana anterior.
Desde o início deste mês que o BNA já colocou na banca comercial mais de 900 milhões de dólares, mas permanecem as fortes restrições, aos balcões da banca comercial, no acesso a dólares pelos clientes.
Em causa está a diminuição de receitas de venda do barril de crude, o que fez diminuir a entrada de divisas no país, provocando a escassez de dólares no mercado e dificultando o pagamento das empresas a fornecedores internacionais.
Devido às restrições impostas pelos bancos comerciais no levantamento de divisas, face à escassez da moeda norte-americana, as taxas praticadas no mercado informal têm vindo a disparar, com a compra de cada dólar a manter-se acima dos 140 kwanzas nas ruas de Luanda.
As vendas da última semana pelo BNA foram concretizadas a uma taxa média de referência do mercado cambial interbancário de 105,530 kwanzas por cada dólar. Esta taxa de câmbio oficial não pára de subir desde Novembro, quando um dólar valia menos de 100 kwanzas.
O governador do BNA afirmou no passado dia 6 que “antecipações erradas” da crise do petróleo por agentes económicos estão na origem das dificuldades no acesso a divisas, porque as vendas mensais fixam-se, em média, nos 1.500 milhões de dólares.
José Pedro de Morais Júnior disse que não existem motivos para as dificuldades relatadas no acesso generalizado a dólares nos bancos comerciais.
“Não houve nenhuma redução da oferta de divisas no mercado cambial, vendidas pelo BNA aos bancos comerciais”, garantiu o governador, revelando que em 2014 essas vendas – que são feitas através de leilões semanais -, até aumentaram 34% face ao ano anterior. Cifraram-se, em termos médios, em 1.500 milhões de dólares mensais, disse.
“Foi exactamente este valor que nós vendemos durante o mês de Janeiro, 1.500 milhões de dólares ao mercado bancário. Significa isto dizer que não há nenhuma redução de oferta de divisas no nosso mercado”, sustentou.
O Governador deu a entender que o problema está nas medidas de protecção adoptadas pelos bancos, face aos efeitos da crise do petróleo, nomeadamente com a intenção de constituírem reservas para prevenir eventuais dificuldades.