O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique considerou que a violência crescente na campanha para as eleições gerais de 15 de Outubro é “uma autêntica vergonha” e apelou aos partidos para pararem com as confrontações.
“O que nós vimos é uma autêntica vergonha e deve envergonhar todo o moçambicano, porque é contra todos os princípios de tolerância e convivência cívica”, afirmou Abdul Carimo, à margem de uma reunião com partidos e Polícia da República de Moçambique, citado hoje na imprensa local.
As declarações do presidente da CNE seguiram-se a confrontos entre apoiantes da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no poder) e do MDM (Movimento Democrático de Moçambique, terceira força política) em Chókwè e Macia, na província de Gaza, sul do país, e antes de mais actos de violência entre membros dos dois partidos no dia seguinte em Chibuto, na mesma região.
Segundo o diário O País, a Frelimo não participou na reunião realizada na CNE.
Apoiantes da Frelimo e do MDM voltaram hoje a confrontar-se em Nampula, no norte do país, interrompendo as celebrações dos 50 anos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, levando a governadora da província a retirar-se do local e a polícia a dispersar a multidão com recurso a disparos de gás lacrimogéneo.
Para Abdul Carimo, a violência eleitoral ocorrida esta semana é inaceitável, dirigindo-se de forma contundente aos partidos.
“É importante que as lideranças dos partidos políticos façam um compromisso público para que situações desta natureza não voltem a acontecer. Se possível, até pedir desculpas públicas”, apelou.
O MDM acusou simpatizantes da Frelimo de terem colocado em risco a vida do líder do movimento, Daviz Simango, durante escaramuças entre membros das duas forças, à passagem da sua caravana eleitoral na terça-feira pela província de Gaza, bastião do partido no poder.
No dia seguinte, novos confrontos foram observados por elementos da Associação de Parlamentares Europeus para África e o Centro de Integridade Pública, quando Simango e seus apoiantes foram atacados durante uma acção de campanha em Chibuto por simpatizantes da Frelimo.
A campanha para as eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais) começou a 31 de Agosto e prologa-se até 13 de Outubro, dois dias antes da votação.