A campanha anticorrupção na China deu um histórico passo em frente com o anúncio da prisão do antigo chefe da Segurança Zhou Yongkang, considerado até há pouco tempo um dos homens mais poderosos do país. Angola também encetou uma luta acérrima contra a corrupção que, reconheça-se, já deu frutos. Foram detidas algumas… zungueiras.
É por estas e por outras, que a China deixou de ser uma referência política (em matéria de negócios petrolíferos e outros a situação é muito diferente) para o regime angolano, sustentado pelo MPLA desde a independência, em 1975.
Zhou Yongkang, de 72 anos, é o primeiro ex-membro do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC) preso por corrupção desde a fundação da República Popular da China, em 1949.
Em Julho passado, a Comissão Central de Disciplina do PCC anunciou que estava a investigar Zhou Yongkang, mas especulava-se sobre se a actual liderança teria força para enviar o caso para as instâncias judiciais e processá-lo criminalmente.
“A Suprema Procuradoria Popular abriu uma investigação sobre os suspeitos crimes de Zhou Yongkang e decidiu prendê-lo de acordo com a lei”, anunciou a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.
O Comité Permanente do Politburo do PCC, composto apenas por sete elementos e liderado pelo secretário-geral do partido, o cargo político mais importante do país, é a cúpula do poder na China.
Durante os cinco anos em que fez parte daquele órgão, até Novembro de 2012, Zhou Yongkang supervisionou o aparelho de Segurança da China, incluindo policia e tribunais. Diz-se que dispunha de um orçamento superior ao das Forças Armadas.
Zhou Yongkang aderiu ao PCC em 1964 e fez grande parte da sua carreira no sector petrolífero, um dos mais ricos monopólios estatais. Antes de chegar ao topo do poder, dirigiu a organização do Partido na província de Sichuan, no sudoeste da China, e foi ministro da Segurança Pública.
Dezenas de antigos colaboradores e familiares de Zhou Yongkang, entre os quais um filho, Zhou Bin, foram presos ao longo deste ano.
Zhou Yongkang “abusou do seu poder para ajudar familiares, amantes e amigos a obter grandes lucros em negócios que causaram graves prejuízos ao património do estado”, disse a Xinhua, citando conclusões da investigação feita pela Comissão Central de Disciplina do PCC.
O antigo líder é acusado de ter aceitado “elevados subornos” e de “desvendar segredos do Partido e do país”.
Como outros lideres afastados por corrupção e abuso do poder, Zhou Yongkang foi também acusado de ter “cometido adultério com um certo número de mulheres” e de ter “trocado o poder por sexo e por dinheiro”.
O combate à corrupção, considerado “uma luta de vida ou de morte” para assegurar a credibilidade do PCC e a sua permanência no poder, tem sido uma prioridade desde que o actual presidente, Xi Jinping, assumiu a chefia do Partido, há dois anos.
Xi Jinping prometeu “combater tanto as moscas como os tigres”, numa alusão aos altos quadros do PCC que durante muito tempo pareciam agir com total impunidade.
Um ex-vice-presidente da Comissão Militar Central, o general Xu Caihuo, e dezenas de outros quadros dirigentes já foram presos.
A actual liderança chinesa insiste que “ninguém está acima da lei”, tentando contrair a generalizada ideia de que “o primado da lei” ainda não é a regra e que em muitos aspectos “a China é governada por homens e não pelas leis”.
Xi Jinping, entretanto, está a emergir como um dos mais fortes líderes chineses das últimas décadas. Já lhe chamaram “Imperador Xi” e “Presidente Imperial”.
A corrupção, na China, é um dos crimes punidos com a morte, mas nos casos mais graves julgados recentemente a pena capital tem sido substituída por prisão perpétua.
Entretanto, Angola também encetou uma luta acérrima contra a corrupção que, reconheça-se, já deu frutos. Foram detidas algumas… zungueiras.