O antigo representante do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau José Ramos-Horta apelou hoje, em Bissau, às autoridades guineenses a terem prudência nas mudanças nas chefias militares.
José Ramos-Horta encontra-se em Bissau a convite do Governo guineense para ajudar na preparação de uma mesa-redonda com os doadores a ter lugar em Fevereiro, em Bruxelas, Bélgica.
Questionado pelos jornalistas sobre a mudança na chefia das Forças Armadas, com a saída do general António Indjai e a entrada de Biague Nan Tan, o antigo representante da ONU no país aconselhou a liderança guineense a não se precipitar nas alterações do sector militar.
“É preciso ir com muita prudência, muito dialogo, não fazer as coisas de forma precipitada. É preciso que o executivo se sente e converse com as chefias militares”, sobre a questão da reforma, num processo que deve incluir a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), observou.
“O ambiente político é de distensão, mas é preciso aprofundar o diálogo. Não se pode permitir que as grandes tensões do passado voltem”, defendeu José Ramos-Horta, que chefiou a Uniogbis (Gabinete integrado das Nações Unidas para consolidação da paz na Guiné-Bissau) durante 18 meses.
Ramos-Horta defendeu que o melhor a ser feito neste momento a nível militar “é definir um calendário” para as reformas e encontrar fundos para pagar aqueles que terão que deixar as estruturas do exército.
Aos dirigentes do país pediu também que reforcem o diálogo, sobretudo entre o Presidente, José Mário Vaz, o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, e o presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá.
Disse que os três são “os homens grandes do país” que precisam entender-se, mesmo que seja apenas ao nível de solidariedade institucional.
José Ramos-Horta exortou a população guineense a dar tempo ao Governo de Domingos Simões Pereira lembrando não ser fácil promover mudanças “em três meses de governação”.
Afirmou que existir uma disponibilidade da comunidade internacional em apoiar a Guiné-Bissau, frisando as ajudas financeiras da União Europeia, Timor-Leste e outros parceiros.
Recentemente, disse ter estado na China, a convite do Governo daquele país, e aproveitou para pedir que reforce as ajudas à Guiné-Bissau.
Ramos-Horta afirmou também ter voltado a Guiné-Bissau por sentir saudades das ‘bideiras’, mulheres vendedeiras dos mercados que lhe têm bastante afecto devido às ajudas que lhes deu quando chefiava a Uniogbis.