O presidente da Associação Angolana de Bancos, Amílcar Azevedo da Silva, admite que há interesse de investidores angolanos no aumento de capital do BES Angola, decidido pelo banco central. O banco central de Angola determinou esta semana um aumento de capital no BES Angola.
Opresidente da Associação Angolana de Bancos, Amílcar Azevedo da Silva, admitiu nesta quarta-feira o interesse de investidores angolanos no aumento de capital do Banco Espírito Santo Angola (BESA), decidido pelo banco central esta semana.
“Acho que sim. Se o BNA (Banco Nacional de Angola) adoptou uma medida que visa a salvaguarda da continuidade da actividade do BESA é porque tem, certamente, conhecimento de que haja parceiros angolanos interessados em tomar parte do capital no banco”, afirma Amílcar Azevedo da Silva.
O BNA ordenou, na segunda-feira, seis medidas a aplicar em sete dias úteis visando a continuidade do BESA – ainda detido em 55,17% pelo BES português -, depois de analisar a evolução da situação financeira daquele banco, decorrente das medidas de saneamento adoptadas face ao volume de crédito malparado.
Uma dessas medidas envolve um aumento de capital, de 65.000 milhões de kwanzas (494 milhões de euros, à taxa cambial de 4 de Agosto, quando o BESA foi intervencionado), a realizar pelos accionistas ou entidades “por si convidadas”, aceites pelo banco central, para “assegurar o cumprimento dos rácios prudenciais mínimos”, explicou na altura o BNA.
Para o presidente dos bancos angolanos – 24 em actividade actualmente no país -, a solução definida pelo BNA, por permitir a continuidade do BESA, é a que melhor serve o sistema financeiro nacional. “Os empresários angolanos participam sempre com muito interesse nos bancos e deve haver certamente interessados em participar na recuperação (através do aumento de capital) de um banco que já era um marco do sistema bancário angolano”, assume Amílcar Azevedo da Silva.
O BNA justifica as medidas decididas face à “necessidade de salvaguarda da economia e do sistema financeiro nacional, da protecção dos interesses dos depositantes e credores do BESA”, e ao “restabelecimento das condições mínimas de funcionamento” do banco. “É sempre melhor a salvaguarda das centenas de empregos, de interesses de vária ordem que podem ser recuperados. Certamente que foi feita uma análise rigorosa e verificada a viabilidade do banco e é uma solução que vai ao encontro do interesse de todos”, defende o presidente da Associação Angolana de Bancos.
Segundo o BNA, após reavaliação das contas, já sob administração provisória do banco central, os fundos próprios do BESA passaram a ser negativos em 383.886 milhões de kwanzas (2,9 mil milhões de euros), confirmando-se a necessidade de “reforço imediato” dos capitais, em pelo menos 425.768 milhões de kwanzas (3,2 mil milhões de euros). Neste processo, diz o BNA, foram ouvidos os accionistas do BESA e o Novo Banco, este “enquanto actual titular do empréstimo interbancário sénior concedido pelo accionista maioritário do BESA, o BES“.
O Novo Banco vai ficar com uma participação de 9,9% no capital social do BESA, por conversão de 53,2 milhões de euros do empréstimo, titulado, àquela instituição, outra das decisões do BNA. Esta percentagem corresponde à conversão de 7.000 milhões de kwanzas do empréstimo, à data de 04 de Agosto.
Foi ainda decidido um aumento do capital “por conversão de parte do empréstimo interbancário sénior” – titulado pelo Novo Banco -, em 360.768 milhões de kwanzas (2,74 mil milhões de euros, à data de 4 de agosto), “seguido de uma redução dos capitais próprios dos accionistas por absorção da totalidade dos prejuízos acumulados”. “Com esta operação, os atuais accionistas do banco vêm as suas participações no capital social, completamente diluídas”, referiu, na segunda-feira, o BNA, entre outras medidas.