DIPLOMATAS NORTE COREANOS DESERTAM FACE A POLÍTICA DITATORIAL

As deserções em série entre a elite norte-coreana são um sinal sério de crise no seio do regime de Jong-un Kim, principalmente, de diplomatas, como o caso, mais recente, do desertor norte-coreano Kim Chul Jin, ex-chefe da empresa de Comércio Exterior norte-coreano.

Recentemente, Il-kyu Ri, um ex-conselheiro na Embaixada da Coreia do Norte em Cuba, desertou com a família para a Coreia do Sul.

“A Coreia do Norte será uma sociedade desolada porque não terá futuro devido à exploração do trabalho, à avaliação injusta e à perseguição e eu não poderia permitir que os meus filhos vivessem, perpetuamente, numa sociedade dessa natureza”.

Este não é pensamento exclusivo do ex-conselheiro, mas de muitos intelectuais na Coreia do Norte, que esperam, apenas uma oportunidade para escaparem do calvário.

“Eu estive sempre preocupado com o futuro dos meus filhos, quer quando estava na Coreia do Norte, quer enquanto integrante do Gabinete do Representante do Comércio Exterior. É importante pensar no futuro da Coreia do Norte, que como está, não tem futuro e é como um sonho de se tentar apanhar, com as mãos, um arco-íris”.

Para o diplomata, já não é correcto, em pleno século XXI, vivermos numa monarquia ditatorial da família Kim, “pelo resto da vida. É uma dor que só eu posso suportar, e quero que os meus filhos vivam num mundo sem preocupações, onde não exista vigilância cerrada a cada cidadão, e com controlo do seu pensamento e sem poder desfrutar dos ganhos da liberdade”, denunciou.

A coragem e determinação para desertar, mesmo estando no exterior, aparentemente, com melhores condições, mas com o sentimento sempre, de no regresso voltar para o mesmo calvário, levou-o a seguir, conta, a atitude do ex-conselheiro Il-kyu Ri.

“Esta decisão de abandonar o regime, provavelmente causou um impacto psicológico significativo na ditadura norte-coreana, e aumentou preocupação em relação aos diplomatas, nas várias missões diplomáticas e gabinetes representativos no estrangeiro”.

O regime norte-coreano provavelmente teme que o controlo e a vigilância por si só não detenham a maré de pessoas que anseiam por liberdade, e isso deu aos norte-coreanos a esperança de que, com determinação e coragem, eles podem encontrar a liberdade.

A deserção do ex-conselheiro Il-kyu Ri pode ser um sinal de que o colapso do regime já começou. Mostra que as elites da Coreia do Norte, incertas quanto ao seu futuro, podem virar as armas a qualquer momento quando virem uma oportunidade. O ex-conselheiro disse: “Os diplomatas norte-coreanos são Kotjebi (crianças sem-abrigo na Coreia do Norte) de gravata… com um salário mensal de $0.03. Este é o salário mensal típico de um funcionário público norte-coreano, um custo menor que um quilo de arroz.

“Os dias de viver de salário já terminaram na Coreia do Norte, porque a corrupção tornou-se tão generalizada na sociedade que se tornou uma doença incurável”.

A exigência e o pagamento de subornos está de tal forma normalizada que se tornou pior que antes. “Quando ouvi o antigo conselheiro dizer que, quando regressou de uma viagem de negócios, o diretor-adjunto tentou chamá-lo de volta por se ter recusado a cumprir um pedido de suborno”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros é o rosto junto da comunidade internacional e um símbolo do regime da Coreia do Norte, mas quando os seus quadros são considerados como “Kotjebi”, não há mais nada a dizer sobre a vida dos residentes comuns.

Os norte-coreanos vivem um dia de cada vez, sem sonhos nem esperança num futuro, pois lutam todas as horas para sobreviver.

“Uma vez que o coração do povo é a vontade do céu, acredito que a democratização na Coreia do Norte seja apenas uma questão de tempo, até as elites sucumbirem ante o avanço da insatisfação e manifestação das pessoas contra o governo que poderá explodir.

Consciente disto, o regime de Jong-un Kim continuará a implementar uma política de medo para erradicar qualquer sentido de democratização interna, intensificando ainda mais a política de vigilância, controlo do pensamento e proibição de reunião, associação e manifestação.

Mas, tal como a palma da mão não pode bloquear o sol, as espadas e as armas não podem deter um cortejo que avança em grandes ondas rumo à liberdade e à democracia.

“Daí que mais grupos de norte-coreanos desertarão em busca de liberdade e democracia, sendo uma questão de tempo o emergir de um processo que determinará a queda do regime”.

“Por último, como um desertor norte-coreano, espero sinceramente que o ex-conselheiro Il-kyu Ri e a sua família tenham um reassentamento seguro e bem-sucedido na Coreia do Sul”.

Foto: Il-kyu Ree ex-conselheiro da Embaixada da Coreia do Norte em Cuba

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