A Presidente brasileira, Dilma Rousseff, defendeu hoje o direito à livre manifestação e disse esperar que as acções sejam pacíficas. Em Angola ainda está para nascer um presidente que, para além de ser nominalmente eleito, defenda o mesmo direito dos cidadãos.
“O que eu acho é o seguinte: a livre manifestação é algo que o Brasil tem de defender e tem, ao mesmo tempo, de defender que ela seja de forma pacífica”, afirmou a presidente.
Diversas cidades em pelo menos 17 Estados brasileiros, assim como no Distrito Federal, Brasília, realizam hoje manifestações contra a corrupção e o governo de Dilma Rousseff.
Uma manifestação foi também convocada por brasileiros, em Sydney, na Austrália, estando outra prevista, em Boston, nos EUA.
Na passada sexta-feira, milhares de pessoas saíram às ruas, em mais de 20 Estados brasileiros, lideradas por sindicatos e movimentos sociais, com reivindicações como o fim da corrupção na Petrobras e na reforma agrária, a que juntaram críticas à política económica do governo Rousseff.
Em simultâneo, houve também algumas manifestações de apoio à permanência de Rousseff na Presidência e em oposição às acções marcadas para hoje.
“Passei a minha vida inteira me manifestando nas ruas, principalmente na minha juventude”, disse Rousseff na mensagem em vídeo. “Não tenho o menor interesse, o menor intuito, nem tão pouco o menor compromisso, com qualquer processo de restrição à livre manifestação neste país. Nós temos o direito de manifestar, nós não temos o direito de ser violentos”, afirmou.
A presidente brasileira disse ainda que a onda de manifestações de 2013 foi “pacífica”, mas que, em determinado momento, perdeu-se o controlo de um grupo radicalizado, o que condenou a nação.
A ex-candidata à Presidência brasileira e ambientalista Marina Silva, que ficou em terceiro lugar nas eleições de Outubro de 2014, afirmou, na sua página oficial na internet, que “compreende a indignação e a revolta” dos eleitores.
Marina Silva declarou-se, no entanto, contrária aos pedidos de “impeachment” (impugnação do mandato de Rousseff), expressos por alguns dos movimentos que convocaram os protestos.
“Há uma campanha pedindo o ‘impeachment’ da presidente que foi eleita há poucos meses. Compreendo a indignação e a revolta, mas não acredito que essa seja a solução. Talvez o resultado não seja o pretendido retorno à ordem, mas um aprofundamento do caos”, escreveu a ambientalista na sua página na internet.