O Banco Europeu de Investimento (BEI) e a União Europeia (UE) vão financiar com 54,5 milhões de euros a primeira campanha de vacinação de Angola contra o cancro do colo do útero, dirigida a dois milhões de raparigas. Recorde-se que em Setembro 2024, mais de 1.400.000 de doses de vacinas contra o Vírus do Papiloma Humano (VPH ou HPV)…
As instituições europeias, num comunicado divulgado em Bruxelas, referem que “o BEI Global está a apoiar a campanha de vacinação de Angola para proteger cerca de dois milhões de raparigas dos nove aos 12 anos contra o vírus do papiloma humano [HPV] – a principal causa de cancro do colo do útero – com um financiamento de 50 milhões de euros”.
“A campanha beneficia também de uma subvenção da UE de 4,5 milhões de euros”, é acrescentado.
Esta é a primeira iniciativa nacional contra o HPV, promovida pelos Ministérios da Saúde e da Educação de Angola, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Após o lançamento, na Província do Namibe, inicia-se agora uma campanha de vacinação de 10 dias, que vai passar por escolas, unidades de saúde e serviços comunitários para garantir o acesso equitativo.
A partir de 2026, Angola integrará a vacinação contra o cancro do colo do útero no seu programa de imunização infantil de rotina para todas as raparigas de 9 anos.
O cancro do colo do útero continua a ser um grave desafio de saúde pública, mas pode ser combatido com vacinação preventiva adequada.
Em 2022, mais de 900 casos foram diagnosticados em Angola, representando cerca de 17% de todos os cancros tratados no país.
O BEI é a instituição de crédito a longo prazo da União Europeia, detida pelos seus Estados-membros, e financia investimentos que contribuem para os objetivos de política da UE.
O BEI Global é o braço especializado do grupo para as parcerias internacionais e o financiamento para o desenvolvimento.
Recorde-se que em Setembro 2024, mais de 1.400.000 de doses de vacinas contra o Vírus do Papiloma Humano (VPH ou HPV), cientificamente reconhecido como a principal causa de mais de 90% do cancro do colo do útero, chegaram a Angola para a imunização de raparigas dos 9 aos 12 anos, no âmbito da estratégia nacional de prevenção e proteção contra o cancro do colo do útero.
Segundo a Ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, “a vacinação para prevenção do cancro de colo do útero representa um compromisso do Executivo angolano para proteger a saúde e o futuro das nossas meninas, garantindo gerações livres desta doença prevenível, alinhada com a estratégia global de eliminação desta doença até 2050, contribuindo assim para uma população mais saudável e economicamente mais sustentável”.
“Esta é uma oportunidade única para proteger as nossas futuras gerações de uma doença devastadora. Vamos unir forças e garantir que todas as meninas de Angola, independentemente de onde vivam, recebam esta vacina que salva-vidas”, disse a ministra.
Dados do Instituto Angolano de Controlo do Cancro revelam que, em Angola, só em 2022, foram tratados 915 casos de cancro do colo do útero, cerca de 17% de todos os casos de cancro. Além disso, as autoridades de saúde estimam que a incidência real de casos de cancro do colo do útero no país é provavelmente ainda maior devido às limitações de diagnóstico.
O Representante Interino da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Angola, Zabulon Yoti disse que a vacina contra o cancro do colo do útero é uma ferramenta crucial para proteger as raparigas e construir gerações futuras mais saudáveis. Enfatizando que, “ao garantir a vacinação, o Governo de Angola está a dar um passo significativo para assegurar que as raparigas angolanas cresçam num mundo onde o cancro do colo do útero é uma doença evitável, e não uma sentença de morte”.
“Agora é o momento de nos unirmos e apoiarmos as iniciativas em curso para vacinar as nossas raparigas, reduzir drasticamente a incidência do cancro do colo do útero e construir um futuro mais saudável para a população angolana”, referiu.
O cancro do colo do útero é um grave problema de saúde pública que afecta cinco vezes mais e mata sete vezes mais mulheres africanas do que as mulheres dos países desenvolvidos. A OMS estima que cerca de 117.300 mulheres em África são diagnosticadas com cancro do colo do útero todos os anos e mais de 76.000 morrem da doença.
Estes números sublinham a urgência de um combate efectivo a este problema de saúde pública, que o Governo angolano iniciou corajosamente com a aquisição das vacinas CECOLIN, fabricadas pelo laboratório INOVAX, para imunizar 2.136.000 raparigas e adolescentes nas próximas semanas.
Esta vacina foi pré-qualificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e é considerada altamente eficaz e segura. A nível mundial, foram administradas mais de 50 milhões de doses da vacina contra o cancro do colo do útero sem reações adversas.
Antero Pina, Representante do UNICEF em Angola, disse que “a introdução da vacina contra o cancro do colo do útero constitui mais uma oportunidade de transformar a vida das raparigas adolescentes”.
“Esta medida vai para além da prevenção do cancro do colo do útero pois pode promover outras intervenções críticas de saúde sexual e reprodutiva sendo desta forma mais uma contribuição para promoção e protecção do bem-estar das raparigas em Angola”, afirmou Antero Pina.
Para além da aquisição das vacinas, o governo, com o apoio dos seus parceiros, está a trabalhar para consolidar outros aspectos que são extremamente importantes para o sucesso da campanha de vacinação contra o cancro do colo do útero, incluindo planeamento e financiamento, formação de técnicos de saúde, logística, advocacia, monitorização e supervisão, e mobilização e envolvimento das comunidades. A operação está orçada em cerca de 20.926.809 dólares americanos e envolve a vacinação em duas fases: nas escolas e nas comunidades do país.
Por sua vez, a representante residente do PNUD em Angola, Denise António disse que a chegada (em 2024) das vacinas para o Governo angolano sob a liderança do Ministério da Saúde, através do financiamento do Banco Europeu de Investimento (BEI) e com o apoio do PNUD Angola, reafirma o compromisso inabalável do Governo na prevenção do cancro do colo do útero nas raparigas.
“Ao vacinar estas raparigas, não estamos apenas a salvaguardar o seu futuro, mas também a contribuir para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Este marco simboliza não apenas a força do nosso compromisso conjunto, mas também reflecte o alinhamento de interesses entre os principais parceiros envolvidos, contribuindo para os objectivos do Plano de Desenvolvimento Nacional de Angola 2023-2027 e da Agenda 2030”, salientou Denise António.
A chegada das vacinas contra o cancro do colo do útero a Angola, representa um marco significativo nas metas do governo para a saúde da população e para a concretização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.

