OS (AFRICANOS) MENDIGOS INTELECTUAIS

A maior parte dos políticos africanos comporta-se como autênticos mendigos intelectuais, perpetuando uma dependência intelectual do Ocidente que enfraquece as bases do nosso continente. Esta realidade não só é vergonhosa como também representa um entrave ao desenvolvimento genuíno da África.

Por Malundo Kudiqueba

Um mendigo intelectual é aquele político que está desnutrido intelectualmente, incapaz de gerar ideias próprias ou de pensar de forma autónoma para resolver os desafios do seu país. É alguém que, por falta de visão e coragem, vive à sombra de pensamentos e soluções importados, ignorando as especificidades e as potencialidades do seu próprio povo.

Na política africana, esta figura do mendigo intelectual é mais comum do que gostaríamos de admitir. Muitos políticos, em vez de alimentar as suas mentes com conhecimento sólido e adaptado às realidades locais, contentam-se em adoptar modelos e narrativas prontas do Ocidente. Esquecem-se de que um político desnutrido intelectualmente dificilmente pode nutrir a esperança, o progresso ou o futuro do seu povo.

Ser desnutrido intelectualmente não significa apenas ignorância. Significa uma recusa em investir no pensamento crítico, uma incapacidade de inovar e uma dependência crónica de agendas externas. É quando um político olha para fora, para o Ocidente ou para organizações internacionais, como a única fonte de soluções, enquanto os problemas das ruas, dos bairros e das comunidades do seu país permanecem invisíveis aos seus olhos.

A dependência é a fome da alma, dizia um sábio. Um político desnutrido intelectualmente vive numa fome constante de validação externa, mas nunca se sacia, porque não tem a coragem de mastigar as suas próprias ideias. A África precisa de líderes que saibam nutrir-se da rica diversidade cultural e intelectual do continente, que valorizem o pensamento autêntico e o conhecimento local como fontes primárias para o desenvolvimento.

É impossível construir uma casa sólida com ferramentas emprestadas de um vizinho que nem conhece o terreno. No entanto, muitos políticos africanos insistem em importar planos e estratégias que pouco ou nada têm a ver com as realidades dos seus países. Pior ainda, essa mendicidade intelectual é frequentemente acompanhada por um discurso de falsa soberania, que ilude os cidadãos e mantém o continente estagnado.

Um político desnutrido intelectualmente não é apenas uma vergonha para o seu povo, mas também um perigo para a nação. Ele é incapaz de criar políticas públicas eficazes, de dialogar com a diversidade cultural ou de enfrentar os desafios estruturais do país. É como um piloto que, sem mapa ou bússola, conduz a aeronave para onde os ventos externos o levarem.

A cura para essa desnutrição começa com o investimento em educação, cultura e pesquisa local. Políticos que se alimentam do saber das suas próprias comunidades tornam-se mais fortes, mais visionários e mais comprometidos com a soberania verdadeira. Não podemos continuar a aceitar políticos que sobrevivem de migalhas intelectuais alheias enquanto a mesa do conhecimento africano permanece posta, mas intocada.

Um continente com líderes desnutridos intelectualmente está condenado à fome colectiva de progresso. É hora de exigir que os políticos alimentem as suas mentes, para que possam nutrir o futuro que a África merece.

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