Remember 2014, a nossa pobreza e a corrupção deles (I)
Hoje é um novo dia de um novo ano, 2015. Os angolanos jamais dormirão descansados, depois das agruras de 2014. O petróleo criou uma crise, dizem os mesmos políticos que ontem disseram, lembram-se?; Angola está blindada e a crise não atravessará as nossas fronteiras. Quimera!
Por William Tonet*
Amá gestão, a delapidação do erário público, a privatização partidocrata da justiça, a banalização da Constituição, a discriminação, os assassinatos selectivos e a corrupção foram as grandes imagens de marca.
Veja estes dados e comente:
No 14 de Abril de 2011, o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos disse:
“Dizem, por exemplo, que há pobreza no país. Nunca ninguém disse que não há e esta situação não é recente. Quando eu nasci e mesmo quando os meus falecidos pais nasceram já havia muita pobreza na periferia das cidades, nos musseques, no campo, e nas áreas rurais. (…)
Foi no musseque e no campo, nesse mundo de pobreza, que a maior parte de nós nasceu, cresceu e forjou a sua personalidade(…) Conhecemos a origem da pobreza em Angola. Não foi o MPLA nem o seu Governo que a criou. Esta é uma pesada herança do colonialismo e uma das causas que levou o MPLA a conduzir a nossa luta pela liberdade e para criar o ambiente político necessário para resolver esse grave problema”.
Assim falou Dos Santos, mais pouco tempo depois, 22 de Janeiro de 2013, surge a notícia da Forbes: A filha mais velha do presidente de Angola, Isabel dos Santos, de 40 anos de idade, tornou-se na primeira bilionária africana, com uma fortuna avaliada em mais de 3 (três) mil milhões de dólares”.
É obra de quem herdou dos avós e pai, uma casinha de madeira, que ruiu antes da reconstrução, mas uma capoeira com uma galinha que punha ovos de ouro… E foi, com eles que Luanda viu desfilar, nas suas ruas, uma franzina mulatinha, vendendo ovos…
Na realidade ela, Isabel é pobre. Pobre de rica… contra os mais de 20 milhões de pobres autóctones angolanos, que não têm sequer, 1 dolar/dia para comprar uma caneca de fuba e lombi. Ela consegue justificar, a proveniência dessa riqueza?
Ajude-nos, caro leitor a descobrir…
Desculpem. Afinal, tem uma justificada proveniência, pois no 02 de Julho de 2014, o presidente da República, José Eduardo dos Santos, por coincidência, pai de Isabel dos Santos, viu o seu vencimento mensal, que inclui o salário base e despesas de representação, fixado em Kwanzas 994.376,44 (novecentos e noventa e quatro mil, trezentos e setenta e seis e quarenta e quarto Kwanzas), cerca de USD 10.197,00 (dez mil, cento e noventa e sete dólares).
Está justificada a riqueza de Isabel dos Santos.
*(Será premiado o leitor que conseguir enviar-nos uma foto com Isabel dos Santos a vender ovos. Outra a ser agarrada, espancada e roubada, pelos “fiscais gatunos” da Fiscalização).
E cá estamos, graças a Deus, em 2015. Todos dizem que será um ano economicamente difícil. Pois acho que mais do que difícil deverá ser um ano de oportunidades. Com a crise o governo ter a oportunidade de corrigir distorções antigas e fazer correcçoes estruturais na estrutura da receita publica e também no controlo da despesa. Por isso sou defensor do fim dos subsídios aos combustíveis. Também acho que o governo deveria ter a coragem de cortar o subsidio na água e na luz. Mas é preciso fazer mais do que isso. É preciso que a recém criada AGT, Administração Geral Tributaria tenha coragem para cobrar impostos. Tanta gente com casas, carros, terrenos e ninguém neste pais paga impostos. O comércio ambulante é galopante e ninguém paga impostos. É preciso acelerar o processo de transferência de competências para os municípios para que os munícipes se habituem a pagar o estacionamento, os postes de luz que partem etc etc.É preciso subir, e muito, os impostos do tabaco e das bebidas alcoólicas. Portanto 2015, apesar de difícil, pode ser uma oportunidade para que o governo tenha de fazer o que há muito devia ser feito rem matéria de diversificação das receitas do Estado e também no controlo das despesas. Aqui temos de rever algumas coisas. Não pode ser só o cidadão a apertar o cinto. O próprio Estado tem de emagrecer. O estado gasta muito em coisas desnecessárias, tem muitas benesses a dirigentes. Há embaixadas a mais. Há muita actividade do Estado em áreas que deveriam ser de privados. Há ministérios a mais. Pelo menos uns cinco podiam deixar de existir. Há secretários de Estado a mais. Uns dez podiam deixar de existir. Há institutos públicos a mais e alguns podiam deixar de ser unidades orçamentais. O momento politico (dois anos antes das eleições) favorece as reformas económicas e se houver coragem do governo, 2015 pode ser um ano importante para a estabilidade económica. É preciso ver tambem o lado positivo da coisa, mesmo que doa. Bom ano a todos. Tudo de bom para todos vocês.
Agradecemos a opinião e os votos formulados. Cá estamos, e estaremos, porque a luta… continua.