Sou um homem de esquerda social, defensor da economia de mercado, mas, também, do controlo do Estado na economia, enquanto maior promotor do desenvolvimento educativo, industrial, económico e agro-pecuário, comprometido com a transformação das riquezas internas e com um plano económico e social assente no bem estar da maioria pobre.
Por William Tonet
A actual política económica neoliberal do Titular do Poder Executivo é ruim, desajustada, com laivos de criminalidade contra os pobres. Ela é defensora acérrima dos interesses dos bancários, dos “milionários – partidocratas” e do capital externo, ancorado na política fascista do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, quanto mais juros melhores e, no sufoco, que aumente a inflação, para os pobres a pagarem.
E se dúvidas houvessem, foram dissipadas no 02.07.24, quando João Lourenço franqueou as obras de Quilonga Grande e do Bita, garantindo que em 2027, hipoteticamente, 10 milhões de habitantes, que vivem no meio de dois grandes rios, terão, 52 anos depois de proclamada a independência, pelo MPLA, às torneiras a jorrar água.
“Significa dizer que, em 2027, quando estes dois projectos (Quilonga Grande e Bita) estiverem concluídos, dez milhões de pessoas, na cidade de Luanda, vão beneficiar de água potável”, prometeu, mais uma vez, o presidente do MPLA e da República.
Visto como useiro e vezeiro em promessas, falsas ou irrealizáveis, pois, em matérias relevantes para a cidadania, já havia feito igual, em 22 de Março de 2018, diante de uma augusta reunião do Conselho da República: “Trazemos para esta reunião do Conselho da República, a proposta de realizar as eleições autárquicas em 2020 e a proposta de realizar inicialmente num certo número de municípios, na base do princípio do gradualismo, definindo-se os critérios da sua selecção”, frisou à época.
A verdade é que transcorridos mais de seis anos, o tempo veio provar, melhor, prova, não ser, João Lourenço “escravo” das próprias palavras e promessas. Logo, está numa grande encruzilhada quanto à credibilidade e pujança do seu consulado, ao longo destes últimos oito anos.
A agenda, para os povos tem sido severa. Tortuosa! Antipatriótica, de injustiça, que impõem a institucionalização da fome, miséria e caos social. Mais grave ainda, de total e submissa dependência ao fundamentalismo radical islâmico, aos especuladores ocidentais e asiáticos, ao FMI e Banco Mundial, que das migalhas financiadas exigem juros coloniais e imperialistas, pagos exclusivamente, pelos pobres. Vivemos anos de autêntica insensibilidade do Executivo, com os governantes a investir e desfilar em carrões de milhões de dólares, indiferentes aos milhões de cidadãos, que diariamente se alimentam nos contentores e monturos de lixo.
Em Fevereiro, pico da fome, o Presidente da República decide oferecer aos 45 conselheiros de um moribundo Conselho Económico, jeeps de grande cilindrada, Toyota VXR Twin Turbo, avaliado, cada um, em USD 200 mil dólares, num montante global de 9 milhões de dólares. Um verdadeiro escândalo, num país onde o salário mínimo não ultrapassa os 40 dólares.
Mas como um escândalo nunca vem só, eis que seguindo o exemplo do chefe, em 02.05.24, a “invisível” vice – presidente da República, Esperança Costa autoriza a compra de 20 jeeps, por 2,2 milhões de dólares, sendo que nove desses carros custam mais de USD 156 mil, cada, enquanto os restantes rondam os USD 59 e 98 mil. Menos de metade deste valor seria bastante para acabar com os pobres que se alimentam nos contentores, não o fazendo é a demonstração do império fascista. Está(mos), a ver, a luz do dia, com a omissão ou covardia geral, o assassinato dos sonhos da maioria autóctone, com estes desvarios económico – financeiros, sem limites. Mais grave é ainda a concessão, no 05.07.24, ao arrepio da Constituição, do Corredor do Lobito, exclusivamente, a um consórcio americano e da União Europeia.
É uma clara violação à soberania nacional, sub-reptícia e “colonial” A abertura dos cofres da Corporação Internacional de Financiamento do Desenvolvimento dos EUA (DFC) para injectar USD 360 milhões, não visa o empoderamento de empresas angolanas, como seria exigível, mas americanas e europeias, com olhos, exclusivamente, nas valiosas matérias – primas de Angola, nomeadamente, o cobalto, grafite, lítio e níquel, a baixo custo, e sem controlo das autoridades.
Não está em jogo o desenvolvimento das populações ribeirinhas, no centro-leste, mas das empresas capitalistas encaixarem ao fim de 2 anos, a mais-valia financeira, uma vez o valor de mercado, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), prever uma procura 40 vezes mais do que o investido. Uma autêntica cegueira anti-nacional do actual Executivo.
E, no final, o estrangeiro (USA & UE) beneficiará, milionariamente; João Lourenço e o MPLA, terão a protecção ocidental, no seu projecto de poder e, Angola herdará as sucatas, buracos e despovoamento, enquanto o pobre actual e as gerações futuras, pagarão á factura, com juros, colonialmente, impostos e aceites, pelas actuais autoridades angolanas.
Eu respeito a economia de mercado, mas abomino a ditadura fascista que está a proceder a venda das riquezas materiais e a soberania económica do país, ao capital internacional, cujos ponta de lança, extremistas têm a estratégia de fomentar, a médio prazo a instabilidade social, através da imposição de uma religião contrária a seguida pela maioria dos autóctones angolanos.
Sou amante das liberdades de imprensa e expressão e não me posso calar ante os crimes que o MPLA e a sua liderança estão a cometer, perigando a existência e originalidade do país e suas gentes.
Nunca como hoje, os autóctones, principalmente, jovens esmeraram-se, tanto para obter um carimbo, nos consulados estrangeiros, visando inaugurar uma nova vida, caricatamente, nas capitais das antigas potências coloniais, que ontem, os actuais dirigentes, disseram ter lutado para obtenção da independência. Não o fizeram. Nunca o farão, porque mentiram. Mentem!
Quem hoje vê o estilo de vida ocidental e ostentação dos membros do executivo e dirigentes/deputados do MPLA, verifica nunca terem estado comprometidos em lutar contra o nepotismo, peculato, ladroagem pública e corrupção, implantada desde 1975, por Agostinho Neto e que João Lourenço, acusou, em 2018, José Eduardo dos Santos de ser o seu paladino: MARIMBONDO!
Mas, afinal, verificamos oito anos depois de uma agressiva inflação, pobreza e desemprego, que na geografia mental dos “agora é a nossa vez”, sempre esteve substituir-se ao “modus viviendi” de JES, suplantando-o, para viverem que nem os colonos fascistas portugueses, com um interminável cartel de criados, cozinheiros, motoristas, mordomias, bajuladores, controlo da Justiça, das Forças de Defesa e Segurança, para manutenção exclusiva de um projecto de poder. 49 anos! E, na reclamação popular por pão, água, sal e cadernos, abrem-se os galpões dos chicotes, algemas, armas e bombas de extermínio massivo.
Rememore-se, sempre, nesta caminhada dos povos pobres e discriminados, pela libertação do jugo colonial fascista do MPLA, dos genocídios do Monte Sumi (Huambo) e Kafunfu (Lundas), a arbitrária prisão dos quatro jovens políticos, Adolfo Campos, Tanaice Neutro, Gildo das Ruas e Pensador, que pretendiam realizar uma manifestação pacífica de solidariedade aos jovens moto-taxistas que, sequer ocorreu, mas foram condenados a penas de 2 anos e cinco meses desde 16 de Outubro de 2023.
Vivemos, desde 1975, dobrado em 27 de Maio de 1977, com o assassinato de 80 mil cidadãos inocentes, momentos de uma vergonhosa exploração, injustiças e discriminação de um GOVERNO DE NEGROS, contra a maioria dos 20 milhões de PRETOS POBRES, que assistem impávidos e serenos, sob ameaça dos fuzis e canhões, a mais vergonhosa delapidação dos milhões do erário público, transferido, diariamente, para as capitais das antigas metrópoles coloniais.
Em conclusão, o Presidente João Lourenço tem um passivo nebuloso, muito por ser lesto em gastar o dinheiro público, para obras faraónicas e de eficácia duvidosa, como o Aeroporto Internacional Agostinho Neto, onde, todos os segundos enterra milhões de dólares, quando milhões de pobres estão no desemprego e passam fome, imposta por uma política económica macabra.
O presidente dá a impressão de não saber governar, estando o seu legado a ser firmado nos caminhos da má gestão, da opacidade e da impunidade. 2027 está na esquina do vento. Nessa altura, só um escudo americano, poderá proteger os actos de João Lourenço, que tornar-se-ão objecto de todo o escrutínio público e quiçá judicial. Conseguirá ele dormir tranquilo depois de tanta falta de transparência e relaxamento dos critérios legais de boa governação? É hora dos filhos e família!
Os de Dos Santos que o digam… Eles, hoje, navegam nas ondas revoltas da imprevisibilidade de um futuro, feito presente, nunca antes acautelado…