GOVERNO CORTA NAS BOLSAS DE ESTUDO NO EXTERIOR

O Governo angolano (do MPLA há 49 anos) anunciou hoje que “por razões de ordem financeira” não publicará este ano o edital para a aceitação de candidaturas a bolsas de estudo para universidades fora do país.

O anúncio, feito pelo Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação em comunicado, ressalva, todavia, que os candidatos admitidos em edições anteriores do “Programa de Envio Anual de 300 Licenciados/Mestres para as Melhores Universidades do Mundo” continuarão a beneficiar das bolsas que lhes foram atribuídas.

Na nota, em que destaca que a formação de quadros angolanos “permanece uma preocupação de extrema importância para o Executivo angolano”, o Ministério garante que ainda em 2024 “empreenderá acções com vista ao estabelecimento de Acordos e Parcerias com países e instituições” estrangeiras.

O Ministério acrescenta que procurará estabelecer os acordos e parcerias com instituições que garantam “formação superior de elevado padrão em áreas consideradas prioritárias para o desenvolvimento nacional e com custos financeiros controlados”.

“O corpo docente e não docente das instituições de ensino superior públicas e os jovens em geral que aspiram elevar os seus níveis de conhecimento ao nível de mestrado, especialização médica e doutoramento, serão os beneficiários desses acordos de cooperação”, frisa.

Em Janeiro deste ano, o Director-geral do INAGBE (Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudos), Milton Chivela, denunciou que havia beneficiários de bolsas de estudo no exterior do país, no âmbito do Programa de Formação de Quadros para níveis de mestrado e doutoramento, estavam a abandonar os estudos e o país de formação sem qualquer satisfação para simplesmente usufruir dos valores monetários disponibilizados pelo governo.

Existem estudantes a beneficiar de bolsas de estudo no exterior do país, principalmente em Portugal e Espanha, mas sem rendimento escolar, por apresentarem um comportamento de “turistas”, e a abandonar os estudos e o país de formação sem darem qualquer satisfação ao INAGBE.

O único interesse dos bolseiros enviados principalmente para Portugal e Espanha, para frequentar o mestrado ou doutoramento, no âmbito do Programa de Formação de Quadros, é usufruir dos valores monetários do erário.

A revelação vinha do Director-geral do INAGBE, Milton Chivela, que lamentava o facto de o governo gastar avultadas somas de dinheiro para a formação de quadros, o correspondente a 18.000 dólares por estudante, mas em muitos casos sem o retorno desejado.

Para continuar a usufruir dos 18.000 dólares e outras benesses que a bolsa lhes confere, os bolseiros estão a apresentar documentos de frequência e aproveitamento escolar falsos.

Diante da situação que considera triste e assustadora, o responsável, prometeu apresentar queixa às autoridades competentes de Angola, bem como procurar dar a conhecer a situação real desses estudantes já identificados às instituições de ensino do exterior do país para que tomem as devidas medidas, “porque não podemos compactuar com tais práticas, e temos que as desencorajar”.

Sobre a apresentação de queixar contra os estudantes bolseiros sem aproveitamento escolar e a abandonar os países de formação, para só usufruir das benesses da bolsa, o director-geral da instituição explicou que tão logo se conclua a análise documental de todos os candidatos já estará em condições de dizer quantos são e remeter a queixa-crime contra esses.

Folha 8 com Lusa

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